Por Patrick Simão / Além da Arena

A França está nas oitavas de final da Copa do Mundo, após avançar em 1º lugar no Grupo F, vencendo Brasil e Panamá e empatando com a Jamaica. A equipe, que iniciou bem o ciclo para a Copa do Mundo, enfrentou forte crise interna meses antes do Mundial de 2023. A treinadora Corinne Diacre, que estava à frente da Seleção desde 2017, foi demitida em março, devido à pressão interna e às reivindicações de importantes jogadoras francesas.

Wendie Renard, principal símbolo e referência da equipe, afirmou que não jogaria mais pela Seleção, criticando os métodos da treinadora, por: “endossar o sistema atual, longe dos requisitos exigidos pelo mais alto nível”. No mesmo dia, Marie-Antoinette Katoto e Kadidiatou Diani também anunciaram a saída da Seleção. Renard já havia criticado Corinne publicamente, em sua autobiografia em 2019. Na ocasião, ela criticou a “brutalidade” no tratamento da treinadora e o fato de ter perdido a braçadeira de capitã.

 

Corinne Diacre e Wendie Renard em 2019 (F. Faugère/L’Équipe)

 

O posto foi para Amandine Henry, que posteriormente também fez duras críticas à treinadora: “Ela é a treinadora, ela que faz as escolhas. Mas quando ela me ligou para me avisar, a ligação durou 14 ou 15 segundos, vou lembrar disso pelo resto da minha vida. Sinceramente, esse telefonema me chocou.” Para Amandine, a escolha também teve relações com as críticas dela e de outras jogadoras com a técnica.

A crise interna também resultou em uma queda de desempenho dentro de campo. A França, que havia vencido os 9 primeiros jogos de 2022, incluindo triunfos sobre Holanda e Brasil, fez um 2º semestre muito abaixo do que vinha produzindo. No fim de 2022, as francesas empataram com a Islândia, tiveram duas derrotas para a Alemanha e sofreram 3 a 0 da Suécia.

Em março, a Federação Francesa de Futebol comunicou a saída da treinadora: “Foi constatada uma fratura muito importante com jogadoras fundamentais e esclarecida uma lacuna com as exigências do mais alto nível. Parece que as disfunções constatadas, neste contexto, são irreversíveis.”

 

Photo Sipa / Mike EGERTON

 

Corinne Diacre passou grande parte de sua trajetória no futebol fazendo parte da Seleção. Como jogadora, a atleta que atuou toda a sua carreira pelo Soyaux, fez 121 jogos pela França, entre 1993 e 2005. Como treinadora, esteve no Souyaux e foi assistente da Seleção, simultaneamente, entre 2007 e 2013. Entre 2014 e 2017 treinou o Clermont, também da França. Desde então ela estava à frente da Seleção, onde não conquistou títulos, parando nas quartas do Mundial de 2019, para os Estados Unidos.

Em seu lugar entrou Hervé Renard, que meses antes havia se destacado na Copa do Mundo masculina, quando treinou a Arábia Saudita e venceu a Argentina, que se tornaria campeã. As jogadoras voltaram à equipe após a demissão de Corinne. A Seleção agora busca seu melhor desempenho em Copas e enfrentará Marrocos nas oitavas de final.