A crise econômica provocada pela pandemia de coronavírus vai empurrar 500 milhões de pessoas, entre 6% e 8% da população global, para a pobreza a menos que ações urgentes sejam tomadas para ajudar países em desenvolvimento.

Foto: Leo Farias

O alerta foi feito nesta quinta-feira (9/4) pela Oxfam com a publicação do relatório “Dignidade, não Indigência”. Com isso, teremos retrocesso de uma década na luta contra a pobreza – em algumas regiões, como a África subssariana, norte da África e Oriente Médio, essa luta pode retroceder em até 30 anos.

O Brasil tem cerca de 40 milhões de trabalhadores sem carteira assinada e cerca de 12 milhões de desempregados. Estima-se que a crise econômica provocada pelo coronavírus adicione, ao menos, mais 2,5 milhões de pessoas entre os desempregados, segundo analistas.

As mulheres estão na linha de frente do combate à doença e da crise econômica e, sendo assim, precisam de atenção especial. Elas representam 70% da força de trabalho em saúde pelo mundo e fazem 75% do trabalho de cuidado não remunerado. São mulheres que em geral cuidam de crianças, doentes e idosos. Também são maioria nos empregos mais precários, que estão sob risco com a crise econômica provocada pelo coronavírus. Por isso, o impacto do coronavírus será mais pesado sobre as mulheres.

“O coronavirus coloca o Brasil diante de uma dura e cruel realidade ao combinar piores indicadores sociais, em um mesmo local e na mesma hora. E é nesse momento que o Estado tem um papel fundamental para reduzir esse impacto e cumprir sua responsabilidade constitucional tanto na redução da pobreza e das desigualdades como na garantia à vida da população”, afirma Katia Maia, diretora executiva da Oxfam Brasil.

A Renda Básica Emergencial de R$ 600,00 aprovada pelo Congresso Nacional e Presidência da República é uma primeira ação para minimizar esse impacto, mas está longe de ser suficiente. Será preciso ampliar o número de pessoas atendidas, garantir agilidade nos pagamentos, estender o período de concessão da renda e fazer o movimento para avançar em uma Renda Básica Cidadã, agenda pendente no Brasil há décadas.

O relatório utiliza estimativas elaboradas pela United Nations University World Institute for Development Economics Research (UNU-WIDER), pesquisadores do King’s College London e da Australian National University.

A Oxfam pede que os líderes mundiais aprovem, na reunião da próxima semana entre ministro de Economia dos países do G20, o Banco Mundial e FMI, um Plano Emergencial de Resgate Econômico para Todos para impedir que países e comunidades pobres afundem.