Com lançamento neste Dia Nacional da Adoção, 25 de maio, livro traz tema inédito na literatura infanto-juvenil

Foto: Divulgação

Imagine uma árvore tão alta que seus galhos pareciam tocar o céu e tão profunda que ninguém sabia se suas raízes teriam fim. E ainda que de seus fios surgiam todos os outros seres, inclusive os mágicos. Essa é A Grande Árvore, primeiro conto de fadas infanto-juvenil brasileiro sobre adoção. Escrito por Janaína Leslão e com ilustrações de Thais Linhares, o livro será lançado neste 25 de maio, Dia Nacional da Adoção.

A Grande Árvore tem como fio condutor uma questão importante: o direito reprodutivo não está atrelado exclusivamente à lógica biológica, mas também ao encantamento de reproduzir afeto, sentido e em última instância, a magia do pertencimento e da continuidade da vida.

O livro conta de forma lúdica a história de Rudá, um garoto que encontrou cuidados no Casulo, abrigo criado pela líder das fadas de Enseada. Lá, ele começa a sonhar mais bonito: haveria como juntar aquelas crianças e adolescentes e as mães e os pais que se desencontraram para que se adotassem?

Segundo Janaína Leslão é urgente que o debate sobre a adoção, principalmente a tardia, avance em nossa sociedade e seja cada vez mais ampliado. “Quando alguém pensa em ampliar a família, pensa em adotar bebês ou crianças. E essa não é a realidade das pessoas que estão disponíveis para adoção no Brasil. Enquanto sociedade, levando em conta o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), deveríamos garantir para todas as crianças e adolescentes a convivência familiar e comunitária”, afirma Janaína.

Para a escritora debater sobre a adoção tardia é pensar em apresentar um mundo de afeto e cuidado para aquela pessoa em desenvolvimento, agregando valores e novas possibilidades. “Isso pode ser positivo, pois caso a pessoa adotada deseje no futuro formar uma família poderá ser com uma outra perspectiva, não reproduzindo as dores e podendo se curar das situações difíceis que já passou”, completa.

A adoção no Brasil

Segundo a publicação Diagnóstico sobre o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), de 2020, entre outubro de 2019 e maio de 2020, foram adotados por meio do SNA 10.120 crianças e adolescentes no Brasil, de um total de 9.887 pretendentes.

Atualmente, 2.543 crianças e adolescentes e 2.008 famílias pretendentes, encontram-se em processo de adoção no país. As diferenças entre o número de crianças e adolescentes e de pretendentes são devidas ao fato de um mesmo pretendente adotar mais de uma criança, geralmente irmãos.

A existência do elevado número de crianças/adolescentes disponíveis para adoção e ainda não vinculadas a algum pretendente, mesmo havendo cerca de 21 pretendentes aptos à adoção para cada criança disponível, acontece principalmente por conta de apenas 0,3% desses pretendentes desejarem adotar adolescentes.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) instituiu em abril desse ano a Portaria 114 que regulamentou os projetos de estímulo às adoções tardias. Essa nova ferramenta pretende aproximar as crianças e adolescentes que não conseguiram uma família para si a adultos habilitados para adoção. O objetivo é preservar o melhor interesse da criança e do adolescente, respeitando suas particularidades.

Ilustração: Thais Linhares

Lançamento

A Grande Árvore é o 4º e último livro de uma série de contos de fadas sobre os direitos humanos, em especial os direitos sexuais e reprodutivos. O primeiro livro da coleção, A Princesa e a Costureira, é sobre o direito de amar quem se quer. O segundo livro, Joana Princesa, fala sobre o direito de ser quem somos. Já o terceiro livro, A Rainha e os Panos Mágicos, escrito em coautoria com a doula Deborah Delage traz o direito da gestante sobre o próprio corpo.

O livro será lançado oficialmente on-line, em 25 de maio. O projeto contou com o pré-lançamento em Assis no dia 14 de maio, No Galpão Cultural (FliA) que fica na Tv. Sorocabana, nº 40.

A Grande Árvore já está disponível para pré-venda no site www.loja.metanoiaeditora.com/a-grande-arvore

O projeto foi contemplado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, por meio do Edital ProAc Literatura-2021.

Sobre a autora e ilustradora

Janaína Leslão nasceu em Maringá, no Paraná. É formada em psicologia, tem especialização em saúde mental e é servidora pública do Sistema Único de Saúde (SUS). Escritora de quatro livros infanto-juvenis sobre direitos sexuais e direitos reprodutivos que ganharam prêmios e versões para o teatro já viveu em nove cidades e dezesseis casas e criou raízes em pessoas e não em lugares. É apaixonada por MPB e gosta de música infantil inteligente. Prefere pequenas reuniões a grandes festas.

Thaís Linhares é formada pela Escola Nacional de Belas Artes. Também é Mestre em Mídias Criativas Digitais pela Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO-UFRJ) e tem Licenciatura em Artes pela UCAM – Universidade Candido Mendes e Especialização em Movimentos Sociais e Culturais pela Universidade das Quebradas (UFRJ).

Recebeu selos de Altamente Recomendável da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), um Prêmio Jabuti, por suas artes para o livro Iluminuras, da editora Lê, a inclusão no catálogo White Ravens da Biblioteca de Munique para a Infância e Juventude, na Alemanha, e o Prêmio Neide Castanha de Direitos Humanos (2018), na área de defesa dos direitos da criança e do adolescente.

Em 2020 ganhou o Odyssée (Cité du Mot) de Residência em Artes, na França, onde promoveu um diálogo visual entre poetas das favelas cariocas e mulheres da pequena cidade de Charité-sur-Loire. Ora vive entre fadas e duendes, nas matas cariocas, ora em infinitos sonhos de um mundo mais justo e generoso para todas e todos.