Por Tainá Junqueira

Linda Rojas venceu o câncer de mama duas vezes. Roberta Perez descobriu um nódulo ao apalpar o seio em casa. Mariana Damazio teve câncer de mama metastático. Linda, Roberta e Mari não estão sozinhas. Cerca de 60 mil mulheres brasileiras têm diagnóstico de câncer de mama por ano no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Depois de tumores de pele, o câncer de mama é o mais incidente nas brasileiras e maior causa de morte por câncer em mulheres.

Medo, desespero, insegurança e falta de suporte e informação ainda marcam as mulheres que recebem o diagnóstico de câncer. “Sua vida vira do avesso, mas é onde você encontra coragem, onde você encontra medo, onde você encontra amigos e sua vida passa por uma limpeza radical, expulsa tudo que não era verdadeiro, tudo que não era duradouro e só fica união, só fica força, só ficam sentimentos puros”, disse Linda em sua página do instagram @umalindajanela.

Assim como Linda, Roberta e Mari também passaram a compartilhar suas histórias nas redes sociais, desde o diagnóstico, a tratamentos, acompanhamento e a vida pós-câncer. Para Roberta, é importante falar sobre o trauma: “Quando a gente dirige a nossa vida, a gente precisa olhar para o retrovisor, a gente precisa olhar para as coisas que passaram e que tipo de influência ele pode trazer. Ele [o passado] faz parte do que você é”, disse em vídeo de seu perfil @roberta.vaipormim.

A ideia das páginas é difundir informações sobre a doença, desmistificar tabus, compartilhar rotina e cuidado posteriores, contar detalhes médicos como cirurgias e procedimentos necessários, entre outras informações que possam ajudar outras mulheres que passam pela doença. “Foi algo que me ajudou muito, ver histórias de pessoas que estavam bem vivendo a vida, e ter certeza de que o diagnóstico não nos define. A nossa vida é muito além de sermos pacientes oncológicos”, dividiu Mari em vídeo na sua página @curasdiarias.

É com esse intuito que o dia 19 de outubro é marcado pelo Dia de Luta Contra o Câncer de Mama, que tem o propósito de conscientizar e incentivar os exames preventivos de mulheres, além de divulgar informações acerca da doença, como a importância dos exames. A mobilização se estende a todo mês, pintando outubro de rosa há 21 anos no Brasil. A ideia de um mês de mobilização e debates sobre o tema nasceu na década de 1990, nos Estados Unidos, que aprovou outubro como mês da prevenção contra o câncer de mama.

A ampliação dessa temática é essencial quando poucas mulheres dizem realizar os exames de rotina, cerca de 51% das mulheres entrevistadas dizem não estar cientes da regularidade do exame e a maioria diz não conhecer as recomendações para a realização da mamografia, segundo levantamento realizado pelo Instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec).

Segundo o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde, o exame de mamografia preventivo deve ser feito anualmente a partir dos 40 anos. Mulheres entre 50 e 69 anos devem fazer a cada dois anos. Abaixo dos 40 anos, o exame pode ser feito em caso de presença da doença na família ou em casos de identificação de nódulos, devidamente indicado pelo médico ginecologista ou mastologista, especialista em mamas, já que o câncer de mama é relativamente raro antes dos 35 anos.

Além da mamografia, o autoexame também é realizado pelas mulheres. No entanto, ele deve ser feito para melhor conhecimento do próprio corpo, pois não substitui o exame laboratorial. Nele, a mulher apalpa e examina toda a extensão dos seios para observar texturas, tamanho, possíveis dores e caroços.

Existem vários tipos de câncer de mama, uns se desenvolvem rápido, outros não, e os fatores que favorecem o desenvolvimento são diversos, desde genético a modo de vida. Na maioria dos casos, a doença tem bom prognóstico e nem todo tumor é maligno. Quando identificado e tratado ainda na fase inicial, a chance de tratamento chega a 95%, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia. Quimioterapia, radioterapia e cirurgias de mastectomia, ou seja, retirada da mama, são os principais tratamentos que mudam conforme o tipo de tumor e perfil da paciente. É importante ressaltar que, após a eliminação de células cancerígenas, acompanhamento médico com exames devem continuar por pelo menos 5 anos, quando a chance de volta da doença cai consideravelmente.