Em “Contramemória”, obra da Mídia NINJA está ao lado de trabalhos de artistas contemporâneos como Ailton Krenak, Denilson Baniwa, Daiara Tukano, O Bastardo, Adriana Varejão, Raphael Escobar, Bertone Balduino, Ana Elisa Egreja, Lídia Lisbôa e Val Souza e de quadros de Anita Malfatti, Alfredo Volpi, Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti

Foto via Pedro Meira Monteiro

A definição de jornalismo arte alcança seu auge de literalidade com a obra ”Mídia NINJA in Campo”, que integra a exposição histórica “Contramemória”, no Theatro Municipal de São Paulo. Em cartaz até 5 de junho, a mostra gratuita relê e traduz criticamente a Semana de 22 e seu ambiente cultural e político.

Depois da exposição realizada na Semana de Arte Moderna, é a primeira vez, em 100 anos, que o Theatro Municipal promove uma exposição de grande porte. Com curadoria de Jaime Lauriano, Lilia Schwarcz e Pedro Meira Monteiro, além do vídeo da Mídia NINJA, serão exibidas obras de artistas contemporâneos, como Ailton Krenak, Denilson Baniwa, Daiara Tukano, O Bastardo, Adriana Varejão, Raphael Escobar, Bertone Balduino, Ana Elisa Egreja, Lídia Lisbôa e Val Souza. O Acervo Modernista do Centro Cultural São Paulo (CCSP) está presente com quadros de Anita Malfatti, Alfredo Volpi, Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti e Flávio de Carvalho.

Para a curadora Lilia Schwarcz, a obra é uma homenagem da exposição ao lado da Mídia NINJA, sigla de Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação, para a sociedade civil brasileira. ”Era um grande desejo meu trazer a Mídia NINJA como arte. Além do papel fundamental de nos informar, esta mídia cidadã, inclusiva e plural tem também um outro estatuto, o da arte. Se esse é um teatro que quase não convida a sociedade civil e a deixa de fora, a escadaria é pública e a sociedade deve invadir estes espaços de dissidências e da festa da cidadania, que é tão relevante”, explica Lilia.

Jaime Lauriano, que integra o trio de curadores, reforça a ideia de que, ao lado da exposição, a NINJA abre as portas do Theatro Municipal para a sociedade civil, metaforicamente e de forma literal, como um convite. ”A gente entende que Mídia NINJA não é um coletivo de mídia, é uma organização que pensa o Brasil e registra o Brasil real, que acontece na rua. São registros de uma nova paisagem do país que se dá por meio de manifestações políticas, sociais e culturais. Abrimos as portas do Theatro Municipal com a Mídia NINJA e queremos convidar as pessoas para entrar e se apropriar deste espaço. Muita gente passa na frente e já participou de manifestações, mas nunca colocou o pé aqui dentro. Queremos fazer uma invasão, uma ocupação e uma inclusão e é o que a Mídia NINJA faz, fez e sempre vai seguir fazendo na cobertura política, social e cultural do Brasil.”

Nesta revisão da Semana da Arte Moderna, surgem histórias e protagonismos, muito mais plurais. Um contraste entre as ideias e visões de uma maioria masculina, branca e abastada do passado, com novos olhares de artistas negros, indígenas, trans, mulheres e de várias gerações.“Com isso, pretendemos descentralizar os debates em torno dos modernismos brasileiros, contribuindo, assim, com os necessários tensionamentos provocados pela produção de artistas negres, indígenas e de gêneros contra hegemônicos”, explica Lauriano.