Enquanto o governo federal incentiva o armamento da população, o povo passa fome. A cada novo corte de impostos para produtos de luxo, o desemprego cresce. A cada mulher que sofre violência, lideranças do governo federal proferem narrativas de ódio.

Neste 8 de março, as urgências são muitas. O neoliberalismo continua avançando sobre as nossas casas e os nossos corpos com a doutrina de choque que ele implantou. Temos dificuldades para parar, para descansar, para pensar os próximos passos. E é preciso que nos organizemos e apontemos a resistência e a luta das mulheres frente ao fascismo e à extrema-direita.

Neste ano a nossa marcha será mais do que nunca um grito pelo nosso direito à vida: não queremos ser assassinadas, não queremos abortos inseguros, não aceitamos viver uma vida de fome, com precarização das condições de trabalho e desemprego.

Na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), nós trabalhamos para construir e debater um Plano Popular de Desenvolvimento Econômico e Social, fazendo nosso trabalho de formiguinhas organizadas para as próximas que virão conosco e depois de nós. Apresentamos 102 emendas ao Plano Plurianual 2022, 54 emendas à Lei Orçamentária Anual deste ano, com foco em trabalho para as mulheres negras, política para as favelas, economia solidária e combate à morte materna. O Rio de Janeiro tem sofrido com o plano de recuperação fiscal e, por isso, estamos nos inspirando nas experiências do Orçamento Participativo para incentivar o engajamento de mais mulheres na política.

O orçamento público no Brasil tem uma história recente muito rica de participação feminina. Tivemos o orçamento mulher, por exemplo, puxado pelas companheiras do Centro Feminista de Estudos e Assessoria que acompanharam os debates no Congresso Nacional. Reunimos plenárias de mais de 100 mulheres, discutindo a prioridade para o Orçamento do Estado, denunciando a lógica de militarização da vida, que prioriza R$12 bilhões para a segurança pública. Tanto dinheiro direcionado para compra de armamento, munição e financiamento de operações policiais que vitimam a população negra e favelada.

Nossa incidência no Orçamento também focou na geração de emprego e renda para mulheres negras. E por quê? Metade das mulheres negras está desempregada. A quantidade de mão de obra de mulheres negras subutilizada é gritante: chegou ao nível de atingir 51,9% no Estado do Rio, no ano de 2021. Ou seja, mais da metade das mulheres negras fluminenses se encontram em situação de desemprego, subemprego ou fora da força de trabalho – como as desalentadas, por exemplo. Isso significa que boa parte do nosso potencial de trabalho, de criação e transformação é ignorado, e que nós somos mantidas na fome e na indignidade.

Nosso mote é um orçamento pela vida das mulheres, contra a pobreza, a fome e o desemprego. Defendemos comida na mesa e trabalho. Nossa luta é pela festa, pela dança, pela fartura, pelo trabalho, pelo salário digno na conta e por uma vida de bem-viver. Nossa luta é por vagas nas creches, nas escolas públicas dos nossos filhos, por salários iguais, pela clínica da família equipada no nosso bairro. Nossa luta é por uma vida digna para todas as mulheres.

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