Minas Gerais segue, cada dia mais, taxada como Minas e menos como as Gerais. A mineração já devastou territórios, bacias hidrográficas, tirou vidas e impacta todos os dias a vida do nosso povo. Em Contagem, também estamos sendo alvo de problemas da mineração, e nesse caso, o problema está sendo criado. Com o dinheiro do acordo de reparação do crime da Vale em Brumadinho, o governo do Estado quer construir um grande Rodoanel Metropolitano, que corta nossa cidade, nosso patrimônio ambiental e afeta diretamente diversos povos e comunidades tradicionais. A pergunta é: o que justifica usar dinheiro que seria de reparação para um novo crime ambiental.

São recorrentes as tentativas do governo Romeu Zema de facilitar a vida das mineradoras. No entanto, acredito haver uma discrepância ainda maior entre defender a mineração – o que já devasta nossas Minas Gerais por si só – e querer provocar novos crimes ambientais propositalmente com as próprias mãos. Caso seja construído, o que temos chamado de Rodominério atravessará a Várzea das Flores, que é um dos maiores reservatórios ambientais da Região Metropolitana é responsável por grande parte do abastecimento e segurança hídrica da RMBH e do nosso município de Contagem.

Não falamos aqui apenas da água, mas também de uma área de Mata Atlântica, um dos biomas mais devastados do país. De uma área que é preservada e que, inclusive, queremos garantir ainda mais a sua preservação com a aprovação de um novo Plano Diretor em Contagem. De que adianta nossos esforços para garantir a sobrevida da Várzea, se querem destruí-la com asfalto?

Aqui, falamos de meio ambiente, mas também de patrimônio ambiental. Mais do que isso, o empreendimento também impacta nosso patrimônio imaterial, nossa ancestralidade e nossa história. O seu traçado passa por diversas comunidades tradicionais e não falo aqui apenas em Contagem, pois isso acontece em toda a sua extensão. Não houve direito a consulta prévia, que é a garantia da escuta e da autonomia de decisão de comunidades tradicionais. Não houve respeito às territorialidades e à cultura do nosso povo.

Sabemos que é um Estado avesso tanto à cultura, quanto à ancestralidade e aos direitos das pessoas, mas não aceitaremos decisões autoritárias e que violam direitos. Em Contagem, houve inclusive uma nova proposta de traçado, mas também ignorada. Como está colocado, somos completamente contrários ao que consideramos um crime e vamos seguir em luta sempre pela nossa cidade, pelo meio ambiente e pelo povo das Minas Gerais.

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