Parecia um mundo novo, um mundo onde todos que ali habitavam, falavam a mesma língua: a língua da empatia e do respeito. Mas parecia um sonho de um lugar que estou longe de ver, onde a harmonia é regra. Andar livremente sem se preocupar com olhares e apontamentos.

Um mundo onde tenho meninos vestido de abelhinha, cores diversas, corpos variados e de manhã discutimos como vamos revolucionar a nação e em seguida vamos batucar a alegria que TRANSborda de nós num ritmo que toda dança é bem vinda, todo molejo ou não é bem vindo.

Choramos só de alegria, de contemplação, vivi o mais próximo que li sobre o arrebatamento da igreja na bíblia, corpos celestiais, de luz e de uma energia imensurável.

O amor transcende gêneros e orientação sexual, nem o frio mais tinha efeito sobre os corpos quentes que se privilegiavam em viver aquele momento.

Minha respiração, meus sussurros, minha pele pareciam mil vezes mais intensos. O gozar não é a mesma coisa, o suor brindava com energia que emanava daquele espaço.

A excitação não tinha hora o tesão era algo natural e nada programado, antes mesmo que os eletrônicos despertassem pela manhã, estávamos acordados celebrando o mais refinado e apurado sexo. A comporta de metal que se abria, fazendo com que o sol tocassem nossa cama era o batismo que selava definitivamente que naquele lugar as mais variadas formas de amar e ser amado se tornavam uma só e que não estamos mais falando de matéria e sim de sensações.

O sorriso era contagioso no café da manhã, os corpos pareciam ter sido contemplados com orgasmos múltiplos, a química parecia fazer de 400 pessoas um único organismo vivo.

Incontestável era a união de ideias e ideais, construção e celebração andando de mãos dadas. As únicas marcas que deixamos pra trás foram as do lençol todo amassado e de um box que se pudesse falar, cantaria, lavou, levou e revigorou o melhor de nos dois.

O último momento não tinha sabor de adeus, éramos eu e ele no meio do povo, como diz Karlota: Fazendo romance. Ele um piso mais baixo e eu de joelhos na cadeira de frente pra ele, seus braços me abraçaram, seus olhos me olharam, seus lábios me tocaram. Foi tudo natural, passamos despercebidos, a não ser por Karlota, mais enfim, ela tem licença poética pra gritar “OLHA O ROMANCE”, mal sabia ela que todos nós estávamos apaixonados pelos 4 dias que 400 pessoas passaram juntos. O último momento não tinha sabor de adeus e sim de um, até breve.