O censo da educação superior de 2022, divulgado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) na última terça-feira, 11 de outubro, nos traz um panorama da situação nas universidades do país, porém também expõe um diagnóstico dos desafios existentes no ensino médio.

Para se ter uma ideia, 21% dos jovens (entre 18 e 24 anos) estão fora do ensino médio, sem tê-lo concluído, e obviamente não estão na universidade. Esse percentual representa a assustadora proporção de 1 em cada 5 brasileiros nesta condição. Um profundo desperdício do potencial de nossa juventude, um contingente enorme de jovens sem perspectivas e um impasse no desenvolvimento do país.

Enquanto o Brasil não compreender o Ensino Médio como uma etapa estratégica, continuaremos com dados muito aquém do necessário para a universalização e para servir como uma ponte para o ensino superior e/ou para ingressar no mundo do trabalho.

O Novo Ensino Médio não se mostrou um modelo que transforme esse cenário. Muito pelo contrário. O mesmo censo revelou que apenas 48,2% dos estudantes que concluíram o ensino médio realizaram a prova do Enem. Dessa forma, estamos falhando ainda na continuidade da formação dos jovens. E com o novo modelo, identificamos muitos relatos de uma sensação de insegurança dos estudantes, principalmente da escola pública, em relação ao Exame.

Por isso, diante da necessidade de conter a evasão e fortalecer a construção de uma formação de qualidade, no próximo dia 17 de outubro, a UBES convoca o Dia Nacional de Mobilização pela revogação do Novo Ensino Médio, chamando estudantes de todo o país para realizar ações em suas escolas para debater o ENEM e amplificar a necessidade de agilizar a tramitação de uma nova proposta, que aprofunde a formação básica, dê condições para o ensino integral e amplie a formação profissional dos nossos jovens, e que reduza as discrepâncias entre estudantes de escolas privadas e públicas.

Jade Beatriz é presidente da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas)