Estar na rua no 8 de março – Dia Internacional da Mulher – é sempre necessário. Eu, mulher negra, cearense e estudante, sinto que são tantas pautas urgentes que é impossível ter passividade nesta hora. Sou filha da escola pública e por ela eu luto diariamente. Também sei, pois já vivi isso na pele, como é difícil para muitas garotas estarem na escola, principalmente no ensino médio.

São tantas “obrigações” e “barreiras” que a sociedade insiste em jogar para cima das garotas que, muitas vezes, estudar fica em segundo plano. Abandonar a escola não traz nenhum benefício e, ainda por cima, não acarreta nenhuma mudança na sociedade. Mas como reverter essa situação?

As escolas não têm estruturas e nem programas de ensino adequados. O Novo Ensino Médio, o qual eu, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e centenas de especialistas em educação e professores pedimos a revogação é mais uma barreira contra a permanência dos jovens na sala de aula.

É preciso assistência e um novo olhar para essas meninas jovens. É necessário um Ensino Médio adequado para a realidade de todas nós e que faça com que as garotas sonhem e tenham uma vida melhor. Mas como fazer isso com uma merenda que não atenda as necessidades nutricionais básicas.

Um sistema que não dá certo, uma alimentação escolar ruim e a enorme dificuldade financeira continua afastando garotas e garotos da sala de aula. Além desses problemas estruturais, ainda temos a questão da pobreza menstrual. Aqui em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas vetou o projeto que distribuiria absorventes gratuitamente nas escolas. Como estudar se não tem comida, não tem absorvente, não tem projeto?

Por isso volto a reforçar: lutar pela escola pública de qualidade é lutar também pelas mulheres. É lutar por sua liberdade e segurança. É lutar pelo seu futuro. Estar nas ruas do Brasil no dia 8 é uma maneira de expressar que precisamos urgente de mudanças. É para ontem!

 

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