Vivemos em uma era onde a tecnologia permeia todos os aspectos de nossas vidas. O mundo digital não é mais apenas um complemento, mas uma extensão da nossa vida particular e da vida na sociedade. Essa integração traz desafios e ainda mais quando estamos sob a influência de algoritmos que têm o poder de criar bolhas digitais, onde somos expostos apenas a informações que reforçam nossas crenças e visões de mundo, criando uma realidade distorcida e polarizada. Esta manipulação algorítmica não é apenas uma questão técnica, mas uma preocupação social e política.

Diante dessa dinâmica entre o mundo digital e a nossa vida, o cyberbullying emergiu como uma sombra perturbadora. Esta forma de intimidação, perpetrada através das ferramentas da era digital, não apenas afeta indivíduos, mas também cria um ambiente violento dentro das comunidades online. O cyberbullying não é apenas uma questão de adolescentes em mídias sociais, é uma preocupação crescente que abrange todas as idades e plataformas, gerando consequências para todos.

O que torna o cyberbullying particularmente insidioso é a sua natureza impessoal. Detratores se escondem atrás do anonimato da internet, lançando palavras cruéis e ameaças sem enfrentar as consequências reais de suas ações. Essa barreira virtual remove a empatia, permitindo que o ódio floresça sem restrições.

E como podemos proteger nossas crianças e jovens dessa violência?

É preciso esforços coletivos para combater o cyberbullying. Em janeiro deste ano foi sancionada a Lei 4.224/21, que tipifica como crime no Código Penal as práticas de bullying e cyberbullying (assédio virtual), porém, políticas educacionais voltadas para orientação e apoio emocional aos jovens devem ser fortalecidas, com o objetivo de evitar que crimes como esse aconteçam.

Os poderes também devem ter uma importante atuação para coibir que crimes aconteçam: Hoje, as big techs lucram bilhões com os dados das nossas crianças, enquanto, sem contrapartida, não existe uma estrutura de proteção contra a exposição de conteúdos danosos e violentos.

O PL 2630 que tramita na Câmara dos Deputados foi alvo constante do lobby das plataformas que tentam impedir essa regulação. Precisamos retomar esse debate urgente, com o intuito de proteger a saúde mental e a vida da nossa juventude.

Além de responsabilizar os perpetradores por suas ações, regras claras e aplicação consistente são essenciais para contê-lo. As plataformas devem ser obrigadas a implementar políticas robustas de combate ao cyberbullying e a fornecer recursos adequados para lidar com casos de abuso online.

Por fim, a conscientização contínua sobre os impactos devastadores do cyberbullying é essencial. A mídia, as organizações e os poderes têm um papel crucial na amplificação dessa mensagem e na promoção de mudanças significativas na cultura online.

Somente através da educação, empatia, ação coletiva e uma regulamentação eficaz das plataformas digitais, podemos criar comunidades online verdadeiramente seguras.

Juntos, podemos redefinir as normas digitais e construir um futuro onde todos possam navegar na internet sem medo de ataques virtuais.