Foto: Divulgação

As ricas também sofrem! Quando a gente fala de Patriarcado, Tradição, Família e Propriedade parece uma abstração e um clichê, mas aí você vê a mídia inteira replicar a frase: “Nunca teve nada com ela”, diz mãe de Gugu sobre relação do filho com Rose Miriam. E se pergunta: mas como a mãe de 3 filhos do cidadão “nunca teve nada com ele”. Além de confundir casamento com relação sexual regular, a família do apresentador desqualifica todos os direitos que uma mãe, pouco importa o tipo de relação que tinha, tem!

Trata-se mais uma vez de desqualificar o trabalho das mulheres que são um misto de empregadas sem salário e/ou relações públicas de casamentos para exposição midiática. Chocante o caso e como o “cidadão de bem” não hesita em condenar as mulheres e seus direitos e defender “a família”, a “tradição” e as propriedades! Defender o homem! Quanto tempo ainda vamos sustentar essas narrativas falidas? E ainda usam o afeto ou a falta dele para deixar de cumprir direitos. Espero que seja bem sucedida na ação judicial!

O “último desejo” do patriarca (que não inclui a mãe de seus filhos na herança a ser partilhada) pode muito bem ser desconsiderado em nome de algo muito mais importante: a luta por direitos das mulheres em todos os grupos sociais. As ricas também sofrem, poderia ser um título de novela mexicana, sofrem o machismo, sofrem com esse patriarcalismo defendido no Fantástico, no show da vida, entre lágrimas e por uma mãe que criou o filho para ocupar esse papel e esse lugar. E aqui não se trata de criticar os personagens em questão, mas simplesmente a função que cumprem em uma sociedade tão escancaradamente desigual em que as mulheres terão sim, cada vez mais, que “estragar” a foto de família.

Felizmente li esse texto da Rita Lisauska no Estadão confirmando a minha primeira impressão e incômodo com a forma de produção de consenso e discursos tão arcaicos:

“Muitos homens só conseguiram ascender na carreira porque havia uma mulher em casa lavando suas cuecas e cuidando das crianças, um trabalho invisível, pouco reconhecido e não remunerado. Se ela fazia sexo ou não com esse parceiro nunca esteve em discussão até este momento (e arrisco dizer que muitas, sobrecarregadas pela jornada, estavam cansadas demais para isso). Mas se a casa estava funcionando e o marido podia exibir esse êxito em público, ‘olha como sou bem-sucedido em todas as esferas da vida’, ninguém questionava a relação desse casal. Isso até novembro do ano passado.”

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