Foto: Mídia NINJA

“Negros são maioria nas universidades públicas do Brasil pela primeira vez”, segundo pesquisa do IBGE. A notícia mais importante dessa semana chega para explicitar o poder das políticas públicas de mudar um sistema. É preciso lembrar que essa foi uma vitória da sociedade civil e do governo Lula/Dilma com a Lei de Cotas aprovada em 2012.

A política das cotas raciais foi implantada (com fortíssima oposição midiática), com gente falando que o “nível” do ensino ia cair para atender cotistas, com antropólogo/a dizendo que “raça” não existe cientificamente logo cota racial não podia ter, com discursos conservadores sobre a “meritocracia”, o “vitimismo”, etc., etc.

Aí está o resultado! Mudou a cara e a cor das nossas Universidades, diversificou a produção do conhecimento, e sim, criou novos problemas e desafios, como o da permanência. Mas fez emergir novos sujeitos do discurso, demandas, questões, criou mobilidade social, criou um horizonte alargado pelo ambiente universitário e criou mobilidade subjetiva.

Além das cotas, medidas como os pré-vestibulares comunitários, a isenção da taxa do Vestibular/Enem para estudantes de escolas públicas e de baixa renda, o ProUni, e depois bandejão, alojamento, bolsas são decisivos para manter os cotistas nas universidades. Apesar dos avanços são muitos os desafios para a permanência nos cursos, e a população de cor preta ou parda permanece sub-representada, já que são 55,8% da população brasileira.

Os cotistas estão entre os nossos alunos mais entusiasmados, participativos, os que trazem um repertório mais rico, o que nos desafiam. Em um cenário de ataque a Educação serão os primeiros a defenderem o que conquistaram tardiamente, arduamente e no meio de tantas lutas.

No momento que os negros são maioria pela primeira vez nas universidades públicas, nessa mesma pesquisa “Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil”, feita pelo IBGE, divulgada em 13 de novembro de 2019, são trazidos os dados que a população negra é principal vítima de homicídio no Brasil” , ou seja o racismo estrutural na sociedade brasileira mata. E vemos diariamente no Rio de Janeiro um ataque massivo contra as populações negras nas favelas e periferias.

Só a educação e políticas públicas afirmativas em todos os campos podem mudar o que talvez seja o mais devastador traço da sociedade brasileira: o racismo e a necropolítica contra os corpos negros, isso desde a tragédia da escravidão adotada como sistema econômico, político, social e subjetivo.

As cotas tem hoje incidência real ( e não só as raciais, todas elas) no cenário da educação pública. São essas insurgências que o conservadorismo tenta barrar. Não tem volta não! #universidade #ufrj #cotas

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