Foto: Janine Moraes

Fábio Felix, deputado Distrital e Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa

Foi publicado ontem (22), em edição extra do Diário da Câmara Legislativa, o veto do governador Ibaneis Rocha à Lei que cria a Praça Marielle Franco no Setor Comercial Sul. O veto não contém nenhuma motivação técnica, baseada na Constituição Federal ou na Lei Orgânica do Distrito Federal. De acordo com o texto, a ex-vereadora carioca “não teria prestado serviços à população do Distrito Federal, e haveria, aqui, uma tradição de se homenagear com a denominação de logradouros públicos apenas pessoas com vínculos diretos com a cidade”. Mas essas afirmações não correspondem à realidade.

Diversas personalidades de outras unidades da federação receberam homenagens como a que propusemos a Marielle: Praça Alziro Zarur (Lei nº 718/1994); Praça Zumbi dos Palmares (Lei nº 958/1995); Praça cantor Leandro (Lei nº 2.061/1998), que faleceu no mesmo ano da aprovação da Lei pela Câmara Legislativa; Praça Roberto Marinho (Lei nº 3.530/2005), dentre outras. Como se verifica, são diversos os espaços públicos do DF que homenageiam personagens póstumos da história nacional. Cada qual com seu valor simbólico; valor este que se sobrepõe a regionalismos justamente por se tratar da capital do País.

O Projeto de Lei seguiu todas as exigências estabelecidas. Realizamos duas audiências públicas – a legislação pede apenas uma – e o nome de Marielle Franco para a praça em frente à Galeria dos Estados foi aprovado pela comunidade em ambos os encontros. A matéria também foi aprovada em Plenário pelos deputados Distritais.

Mais de 150 logradouros públicos dos mais diversos países hoje levam o nome de Marielle Franco: covardemente executada por milicianos no Rio de Janeiro, em um crime cujos mandantes seguem desconhecidos; crime cuja não resolução nos submete à vergonha internacional.

Marielle se tornou símbolo do martírio das mulheres negras e pobres que ousam ocupar a política. Foi vítima de uma execução política que fragiliza nossa tão recente democracia. Seu nome está à altura de qualquer espaço de Brasília, como está à altura de centenas de lugares do mundo. O reconhecimento internacional de Marielle fala por si. Infelizmente, é nítido que o propósito do veto é simplesmente negar reconhecimento à dimensão que tomou o legado da vereadora Marielle Franco. Um triste gesto para agradar quem persegue defensores de direitos humanos e despreza as garantias democráticas.

View this post on Instagram

Foi publicado ontem (22), em edição extra do Diário da Câmara Legislativa, o veto do governador do Distrito Federa Ibaneis Rocha à Lei que cria a Praça Marielle Franco no Setor Comercial Sul. O veto não contém nenhuma motivação técnica, baseada na Constituição Federal ou na Lei Orgânica do Distrito Federal. De acordo com o texto, a ex-vereadora carioca “não teria prestado serviços à população do Distrito Federal, e haveria, aqui, uma tradição de se homenagear com a denominação de logradouros públicos apenas pessoas com vínculos diretos com a cidade”. Mas essas afirmações não correspondem à realidade. Fábio Félix (@fabiofelixdf), deputado distrital e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa fala sobre. Asssista! #MarielleFranco #MarielleVive

A post shared by Mídia NINJA (@midianinja) on

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

Tainá de Paula

A sociedade não pode aceitar crimes de importunação sexual de futuros médicos

Moara Saboia

Cidades diferentes: Planejar, organizar e regulamentar para avançar

Rede Justiça Criminal

A guerra às drogas e o adoecimento das favelas

Bruno Ramos

O funk e a falta de empatia com as minas

Márcio Santilli

Outro ciclone abala o Sul do Brasil

Movimento Sem Terra

Os desafios da juventude que vive no campo, nas águas e nas florestas

Poderes Pretos

Uma ministra preta no terceiro mundo

Colunista NINJA

Sem mais festas da Selma

André Menezes

Estudo inédito revela medo de comerciantes e moradores de favelas

Dríade Aguiar

'Ângela': mulheres voadoras e homens que não estão à sua altura

André Menezes

Recife é palco da quarta edição de festival que busca promover o jornalismo de causas

Márcio Santilli

Regulamentação do mercado de carbono

Karla Martins

Amazônia narrada na primeira pessoa

Márcio Santilli

Abominável inelegível

Márcio Santilli

Obstáculos à demarcação das terras indígenas