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Vocês já devem ter visto vídeos como esses circulando nos for yours ou repostado no Instagram.
Quando foi pro Twitter, acabei percebendo que, ao invés de uma avaliação crítica, o que veio foi uma enxurrada de julgamento, um monte de gente dizer que esse tipo de comportamento não é “normal”, que essa pessoa tem um “problema” e que “precisa de tratamento”.
Para essas pessoas, sinto informar – a maior parte das mulheres passa por essas experiências na nossa sociedade. Surpresa ou não, o mundo não é a nossa bolha identificadora de relacionamentos tóxicos que acreditamos ser.
E, em sentido de “normose”, sim, isso é o normal.
Quando assisto a esses vídeos, o que eu vejo são mulheres (em sua maioria brancas) adoecidas por séculos de heteronormatividade e monogamia compulsória + distúrbio de autoimagem que gera inseguranças + sociedade do espetáculo, entre tantos outros elementos que nos levaram à paranoia coletiva e permitida.
Ao invés disso, respostas que vi rodar na internet estão a um passo de corroborar com a cultura do “minha ex é louca”. Então todas as mulheres compartilhando esse conteúdo na internet são loucas? Suas mães, suas tias, irmãs, primas, melhores amigas – todas são doidas patéticas? E NADA DISSO É CULPA DA ENTIDADE HOMEM BRANCO?
Eu também acho que esse tipo de conteúdo não serve a ninguém, mas negar que são um resultado da sociedade patriarcal pra mim beira o negacionismo.
Essas mulheres desenvolveram ferramentas para alcançar o que a nossa sociedade entende como sucesso: um relacionamento hétero monogâmico.
Tá certo? não.
É raro? não.
É resultado do feat patriarcado + capitalismo + racismo? Com certeza.
Chimamanda Ngozi Adichie já perguntou: “Por que ensinamos as meninas a aspirar ao casamento, mas não fazemos o mesmo com os meninos?”. Este é um dos resultados.
Quer dizer que casar é bom? Não.
Quer dizer que temos que acabar com a união estável monogâmica? Não também.
Mas não dá pra ver cenas como essas e não pensar que se o feminismo é sobre nos emancipar, é pra emancipar a todas nós. Nós e elas.
Não queremos ser mais estas mulheres, mas não também queremos criar um mundo onde elas sejam julgadas como “loucas anormais”.
Normalizem nossos problemas – é o primeiro passo para uma solução coletiva.
E esta é uma boa resolução do ano novo.