No artigo de 16/02 (intitulado “Um Posto Ypiranga sem combustível“) abordamos o comportamento descendente de um conjunto de indicadores econômicos do final de 2019, início de 2020: queda na produção industrial, déficit na balança comercial, queda no varejo, alta exagerada no câmbio, défict no orçamento público, queima de 10% das reservas internacionais e evasão recorde de divisas como indícios de que, em nossa opinião, a Economia Nacional vai de mal a pior.

Hoje gostaríamos de abordar aspectos da Economia Popular, aquela que todo e qualquer cidadão sente, no dia-a-dia, no próprio bolso. Tais aspectos são consequência do comportamento dos indicadores que analisamos no artigo anterior e vice-versa.

1) Preço dos combustíveis: a R$ 5,00 o litro da gasolina e a R$ 85,00 a botija do gás de cozinha, o custo de vida vai às alturas. Seja para quem tem veículo próprio ou para quem usa transporte coletivo, todos sofrem com essa majoração, pois a alta no preço dos combustíveis é o principal fator de elevação do preço das tarifas de passagens do transporte público.

2) Preço da carne: a carne é um dos itens mais emblemáticos das despesas domésticas do dia-a-dia. O preço médio do kg de carne bovina chegou a R$ 50,00 no início do ano. Não estamos falando do kg de filé ou de picanha. O valor refere-se a média de todos os cortes, nobres ou mais comuns.

3) Desmonte dos programas sociais: a reforma da Previdência, antes de gerar a economia anunciada, tem causado o represamento na concessão de benefícios do INSS. A fila de pedidos de aposentadoria e de outros benefícios pendentes já encostou na casa de 2 milhões. O Bolsa Família, por sua vez, já tem 3,5 milhões de pessoas na fila de espera. Isso significa empobrecimento das camadas mais humildes da população, além de retirada de capital circulante da praça.

4) Taxa de desemprego: o Brasil conta, atualmente, com 11,6 milhões de desempregados, aproximadamente 11% da população economicamente ativa, sendo que, dos empregados, 41% estão na informalidade.

5) Desigualdade social: segundo o estudo intitulado “A Escalada da Desigualdade”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Ago/2019 a desigualdade social no Brasil havia aumentado pelo 17° trimestre seguido, configurando o maior período de alta ininterrupta na concentração de renda já contabilizado no país, motivada, por sua vez e sobretudo, pelo desemprego. Segundo o estudo – reproduzido em reportagem da revista Veja – do quarto trimestre de 2014 até ago/2019, a metade mais pobre do país viu sua renda diminuir 17,1%; a chamada classe média, que ocupa 40% do restante, teve perdas de 4,16%; e os 10% mais ricos viram sua renda crescer 2,55%. Levando em conta os 1% mais ricos, o aumento é ainda maior e o número chega a 10,11%.

Ou seja: de nada vale uma baixa taxa de juros, uma inflação baixa, um baixo risco país e sucessivas altas na Ibovespa – agora também em queda – sem que o comportamento positivo de tais indicadores específicos esteja acompanhado do comportamento positivo dos demais indicadores que analisamos.

E não adianta colocar a culpa no coronavírus. O fato é que a instabilidade política tem reflexos na Economia. E o governo Olávico-Morístico-Guediano-Militar de Bolsonaro tem sido uma fábrica de instabilidades diárias. Além, obviamente, dos equívocos na condução da agenda econômica em si.

Dizia-se que, para retomarmos o crescimento, teríamos que, antes, fazer sacrifícios em nome do necessário ajuste fiscal. Alardeou-se que, para isso, era necessário aprovar a reforma trabalhista, a PEC do teto dos gastos, a reforma da previdência… De todas as medidas de austeridade propaladas, só faltam as reformas tributária, administrativa e a autonomia do Banco Central.

Contudo, o fato é que a reforma trabalhista não trouxe empregos, a reforma da Previdência não atraiu investimentos, o dólar subiu, os combustíveis subiram, os alimentos também e a energia idem. Ao invés da promessa de retomada do crescimento econômico, com geração de emprego

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