Um. Dois. Cinco. Quinze. As curtidas se avolumaram ao compasso da noite. Passou pelo feed e “foi de Americanas”, como um amigo sempre brinca. Vez ou outra ocorre até compartilhamento. Dezoito. Vinte. No ar, a música alta. I’m bulletproof, nothing to lose… Como um looping – ou o Taz Mania em momento bélico – likes vermelhos se devoram eternamente famintos por engajamento. Tudo rápido, sem nexo, sem tédio, incertos.

2023 virou um imenso feed do Tik Tok, né? Você gira a sua timeline loucamente, doido pra ver o que vem adiante, porque no fundo, sabe que sempre haverá. É um feed infinito, afinal, bilhões de usuários por aí fazendo alguma coisa da vida.

Tudo segue como manda o figurino do algoritmo: precisa reter o usuário no primeiro contato. E para isso, cada conteúdo usa a arma mais poderosa que tem. Primeiro se consome a imagem, depois só deus sabe. Mas não é raro que a maioria não sobreviva à DM depois.

É verdade que enquanto o tempo avança e as novas gerações estabelecem suas novas formas de consumo, o mercado muda. Isso é fato. Em dez anos – dentre oito que estive longe do F5 – tudo revolucionou. Descobri que hoje leva-se em conta muitas coisas para se conectar. Aliás, literalmente, leva-se coisas.

Na volatilidade do estilo catraca-de-ônibus, nada permanece nessa web. Vai se alastrando a sensação de que consumir rápido é o suficiente. Tudo, todos, o que puder. E, de fato, para muita gente é. Sempre tem conteúdo novo na parada, na esquina, no vizinho, no trabalho esperando seu like.

Ou a poucos metros de você…

A maioria está viajando aceleradamente por esse feed. Pode mudar de plataforma, ouvir pop em vez de house, sol na praia ao invés da noite do Centro, vinho com amigos e não cerveja no bar, mas o implacável algoritmo de 2023 permanecerá os abençoando. Errada estava Sandy. Nada é imortal. Hoje, dura alguns minutos, quiçá dias. O engajamento é mínimo. Se você reparar, o outro perfil nem tem mais foto na sua lista de contatos.

Esperto (ou saudável) é quem percebe logo o que quer de verdade nessa “imensa rede”.

E como se sabe, esse texto não é sobre internet.

É sobre o amor.

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