Por Bruno Trezena

Eu conheci André Janones, de verdade, depois que saí do Congresso Nacional ano passado. Até então, recebia informações do parlamentar por sua atuação épica no Facebook, muito puxado pela pauta do Auxílio Emergencial (2020). Não era superestimá-lo. Janones, até então à paisana no rol de políticos famosos do Plenário, havia quebrado um recorde mundial na plataforma com sua atividade em defesa do benefício. Até comentava com colegas: “Fiquemos de olho nele, tem feito muita coisa certa em comunicação”.

E, de fato, ele faz. Nestas semanas a atuação do deputado mineiro ficou mais enfática com as ações no formato mais “full” possível do modo guerrilha – um mecanismo que tive o prazer de aprimorar durante dez anos trabalhando como oposição no Parlamento. É como se juntássemos o melhor dos dois mundos. Um homem público com mandato disposto a por a cara em tudo. No geral, essa última parte é terceirizada nas assessorias. Ou seja, 90% das redes de um deputado/senador é ghostwritter mesmo.

O parlamentar ganhou espaço no filão petista e, óbvio, como ponta de lança da militância nacional. As pessoas sabem que é Janones naquele tweet chamando o ministro da Comunicação de gigolô ou alertando que haverá uma bomba horas depois. Ache certo ou não, o deputado criou um método que, pasmem, pela primeira vez tem invertido o jogo da comunicação eleitoral. Em vez de reagir, ele pauta. O bolsonarismo tem sofrido na mão dele. É o que apelidei entre colegas de “Janones Theory” – ou, Teoria Janones, antes que me batam pela alcunha estadunidense cafona.

Antes de chegarmos aqui, é importante lembrar como a Esquerda em geral patinava para enfrentar o perverso bolsonarismo quando o ringue eram as redes sociais. Isso nem é novidade, visto que desde 2019 a gente caía feito patinho nas armadilhas dos caras. Bastava uma bomba de fumaça que a gente se jogava na nuvem. Éramos apenas reativos. Só falávamos do que o bolsonarismo trazia para o debate. Agora não.

Muita gente dentro do campo da esquerda pode não ir com a cara de Janones. Faz parte do jogo democrático até dentro do nosso universo. Mas é inegável que ele tem sido referência numa estrada ainda um pouco desconhecida de como agir no embate digital contra essa extrema-direita raivosa e altamente desqualificada.

O “janonismo” tem tudo pra ficar feito lamparina na escuridão para diversos profissionais de comunicação que atuam em defesa da democracia e de um futuro digno para nosso país. Aliás, eu estou doido pra saber o que tem no celular do Bebianno. Aqui só se fala nisso…