O debate da Band, no último dia 28, foi marcado pelos embates entre mulheres e Bolsonaro. Isso ocorreu por três motivos.

Em primeiro lugar, todos os candidatos disputam o voto das mulheres. De fato somos a maioria e podemos decidir o jogo. Em segundo, Bolsonaro reage a qualquer tentativa de defesa do direito das mulheres com misoginia, violência e mentira. E, por fim, porque nos indignamos. Sentimos junto com Vera Magalhães a violência sofrida, nos solidarizamos com ela e isso também foi muito forte.

A força dessa solidariedade, a decisão de não permitir mais sermos humilhadas, pode ser o elemento que falta pra garantir a vitória de Lula no primeiro turno e para afastar a possibilidade de Bolsonaro se manter no poder, seja pelo voto, seja pelo golpe. Um novo ELE NÃO precisa acontecer!

No debate, Bolsonaro mentiu que foi o governo que mais fez pelas mulheres. A verdade é que Bolsonaro vetou o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual (lei 14.214); reduziu o orçamento do combate à violência contra as mulheres; e extinguiu o Ministério de Políticas para as Mulheres, incluindo a pasta no Ministério dos Direitos Humanos, que foi transformado em “Ministério do Fundamentalismo Religioso” com Damares Alves à frente.

Neste governo, além disso tudo, vimos crueldades contra nós, como a perseguição a mulheres e meninas vítimas de estupro para que não exercessem seu direito ao aborto legal.

Sabemos bem o que nos levou às ruas há quatro anos para dizer: ELE NÃO! A lista de violências machistas de Bolsonaro é famosa, ele mesmo não esconde:

“Ela não merece porque ela é muito ruim, porque ela é muito feia, não faz meu gênero, jamais a estupraria. Eu não sou estuprador, mas, se fosse, não iria estuprar, porque não merece.”

“Quando o cara vai empregar, entre um homem e uma mulher jovem, o que que o empregador pensa? ‘Poxa, essa mulher aqui tá com aliança no dedo, não sei o quê, ela vai casar, é casada, daqui a pouco engravida, seis meses de licença-maternidade, bonito para c*, para c*’. Quem que vai pagar a conta? É o empregador.”

“Eu tenho cinco filhos. Foram quatro homens; aí no quinto eu dei uma fraquejada e veio uma mulher.”

“Pela primeira vez na vida, o número de ministros e ministras está equilibrado em nosso governo. Temos 22 ministérios, 20 homens e duas mulheres.”

“Ela [Patrícia] queria um furo. Ela queria dar um furo a qualquer preço contra mim.”

As mulheres sabem que o machismo do presidente não se trata de cortina de fumaça: invisibilizar as mulheres, humilhá-las, promover a cultura do estupro, atacar seus direitos, isso tudo está a serviço de um projeto de país que pretende manter as mulheres, principalmente as mulheres negras, mais exploradas com salários e empregos mais precários, mais sufocadas com todas as tarefas de cuidado das quais o Estado pretende se desobrigar.

Atacar as mulheres é um complemento às políticas econômicas que levaram nosso povo a sofrer com a fome e o desemprego neste governo. A misoginia vem junto com a Reforma Trabalhista, com a Reforma da Previdência, com o Teto de Gastos. Para dar certo, o governo Bolsonaro precisa não só do Paulo Guedes, mas também precisa da Damares.

Se, desde o primeiro debate, nós mulheres fomos tão violentadas, precisamos exercer a maioria que somos. Não apenas nas urnas, pois o próprio respeito ao resultado eleitoral não está garantido. Precisamos, antes que seja tarde, exercer maioria nas ruas. Só das ruas podemos impedir que ele tenha condições de dar o golpe e impedir que ele siga convencendo pessoas.

É preciso que o mundo todo saiba que somos a maioria e não queremos Bolsonaro. Precisamos de um novo ELE NÃO!

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