Contra a sanha privatista de Tarcísio, sindicatos e movimentos sociais se unem para uma greve unificada em 3 de outubro

O neoliberalismo tem sido bem sucedido no projeto de convencer o povo de que a privatização de serviços públicos é benéfica para a população. As privatizações sempre vêm acompanhadas de promessas de melhoria de qualidade do serviço e redução de preço, sob a alegação de que, em um mercado de livre concorrência, a prestadora de serviço que não oferecer serviço de qualidade ou cobrar acima do preço de mercado não prosperará.

O mito da livre concorrência não se sustenta, no entanto, quando debatemos a prestação de serviços básicos com alta demanda de infraestrutura. Um usuário do transporte público pode, ao desembarcar no terminal, entre meia-dúzia de vendedores de açaí, escolher o mais barato, não necessariamente o de melhor qualidade. É diferente quando falamos de uma outra situação: a estrutura envolvida no saneamento ambiental não abre espaço para livre concorrência, pois não é tecnicamente viável a instalação de dois ou mais coletores de esgoto por rua para que cada imóvel escolha qual será a sua prestadora de serviço, se baseando, hipoteticamente, apenas naquela que seria a mais barata.

Serviços de água e esgoto, energia elétrica, refino e distribuição de combustíveis derivados de petróleo ou mesmo transporte sobre trilhos, são, inerentemente, monopolistas. O debate real é, então, sobre o monopólio ser público ou privado. E, aqui, precisamos entender que empresas privadas têm como objetivo, primeiro, a maximização do lucro, mesmo que para isso seja necessária a redução de custos e, consequentemente, da qualidade do atendimento.

As empresas públicas, por outro lado, têm a função social de atender às necessidades da população. Priorizar o povo ao lucro é garantir tarifas sociais para as parcelas que estão em situação mais vulnerável na sociedade. É investir em universalização do atendimento sabendo que esse investimento pode não gerar retorno financeiro. É garantir que municípios maiores financiem os municípios menores via subsídio cruzado.

O que vem acontecendo há décadas com diversos setores públicos, dos transportes aos Correios passando pelo próprio SUS, é um sucateamento sistemático dos serviços, com desinvestimentos e desmonte de recursos humanos. Assim, se convence a população de que os serviços públicos são naturalmente ruins. Mas a realidade pós-privatizações nos traz sempre serviços piores e maiores tarifas.

NA CONTRAMÃO DO MUNDO, TARCÍSIO E NUNES QUEREM PRIVATIZAR ÁGUA E TRANSPORTE

Mundo afora, dezenas de cidades reestatizaram o saneamento ambiental. No Brasil, a privatização da CEDAE, no Rio de Janeiro, colocou a cidade na mídia com denúncias constantes de abastecimento de água poluída. Em Manaus, a conta de água também aumentou depois da privatização – ficou 18,5% mais cara. No Tocantins, a concessionária rompeu contrato, “devolvendo” as cidades não lucrativas para o Estado.

A privatização dos trilhos também é sempre seguida de problemas técnicos e aumentos de passagem. Novamente, no Rio de Janeiro, temos as passagens mais caras do Brasil. Em São Paulo, as linhas 8 e 9 da CPTM, recentemente concessionadas, passaram a apresentar falhas e acidentes a cada três dias, e as linhas 4 e 5 do metrô, vendidas como exemplos de eficiência e qualidade, recebem 50% a mais de recursos por passageiro em relação às demais linhas.

Outro exemplo mais recente, a privatização da Eletropaulo, comprada pela ENEL, acarretou não somente no aumento da conta de luz, mas também em constantes reclamações sobre o atendimento e demora para reestabelecimento de energia. Nacionalmente, após a privatização da Eletrobras, apagões atingiram diversos estados brasileiros.

Mas se as privatizações não interessam à população, interessam a quem? Ao capital e sua lógica de expansão infinita que, vendo esgotadas suas possibilidades de expansão nos setores privados da economia, lançam suas garras sobre os setores públicos e as necessidades mais básicas da vida humana. Por isso, governos subservientes ao mercado, como é o de Tarcísio e como foi o de Bolsonaro, vão usar todas as ferramentas ao seu dispor para privatizar todo e qualquer patrimônio público, além de rifar os direitos e condições de vida de quem mais precisa acessar estes serviços a partir de tarifas sociais, pagando menos pela mesma qualidade. Quem sofre primeiro com os descarrilhamentos, com a falta de água, com o aumento do preço do combustível é sempre a população pobre, preta e periférica.

VOTE NO PLEBISCITO POPULAR CONTRA A PRIVATIZAÇÃO DA SABESP E DO TRANSPORTE SOBRE TRILHOS

Agora é a hora do povo paulista mandar um recado importante para o governo Tarcísio: vamos alertar para o liquidacionista que queremos a Sabesp, o metrô e a CPTM públicas. O plebiscito popular, organizado por uma campanha unificada entre os sindicatos dos metroviários, ferroviários e dos funcionários da SABESP, estará com urnas no estado todo, até o dia 05 de novembro, coletando votos da população. Se você ainda não votou, vote!

Se não tem nenhuma urna na sua cidade ou bairro, contate a campanha, abra uma urna, chame quem está ao seu redor para votar NÃO contra a privatização do saneamento e dos transportes sobre trilhos.

Para saber mais, acesse o site da campanha: contraprivatizacao.com

Na capital, a Bancada Feminista do PSOL está com uma urna na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta, e você pode saber mais sobre a programação deste local de votação acompanhando nossas redes sociais.

Ainda, nós, da Bancada Feminista, protocolamos, na Assembleia Legislativa do Estado (Alesp), um Projeto de Resolução para que o governador Tarcísio faça um plebiscito popular contra a privatização do Metrô, CPTM e Sabesp.

É GRAVE! POR ISSO, É GREVE

Em 03 de outubro ocuparemos São Paulo com uma greve unificada que vai mobilizar a população contra as privatizações de Tarcísio. Um movimento histórico, que pode deter o desmonte dos serviços públicos do nosso estado e fortalecer ainda mais a resistência contra o governador bolsonarista que assola São Paulo. É hora de união em prol de uma transformação social justa, sustentável e que dê centralidade às pautas das mulheres, da juventude, das LGBTQIAPN+ e da população preta e periférica. É hora de irmos às ruas contra Tarcísio e Nunes!

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