Um encontro entre duas Mulheres Fotógrafas, Nair Benedicto e Tuane Fernandes. Uma diferença de 50 anos e a mesma luta. Uma conversa entre quem documentou as últimas décadas da América Latina e o fotojornalismo ativista do tempo atual. Nair aos 26 lutava contra a ditadura, Tuane aos 26 sai às ruas pela democracia, hoje, juntas, pedem Diretas Já!

A coluna “Mulheres na Fotografia” apresentará trabalhos de autoras ou coletivos de mulheres para difundir a fotografia jornalística, documental, atual ou histórica, contemporânea e principalmente emergente. Cada autora poderá indicar outras fotógrafas e, assim, vamos criar uma rede de trocas, conhecimento e principalmente colaboração para a criação de histórias de interesse coletivo, visando fortalecer as igualdades.

Queremos contar histórias inspiradoras! Envie a sua para [email protected]

Foto: Mel Coelho

NAIR BENEDICTO

Nair Benedicto se dedica a documentação de temas sociais, com destaque para a situação da mulher, por mais de quatro décadas. Preocupada com a representação do que realmente está vendo em seus personagens e o contexto onde está inserida cada história, Nair faz mais do que uma fotografia, cria cumplicidade entre autor e fotografados. A confiança logo se transforma em diálogo e as imagens dos índios, das mulheres, dos trabalhadores, das manifestações populares e das crianças, viram vozes. Sua fotografia é humana. Nair é generosa e compartilha o que viu e viveu, e não foi pouco..

Nasceu em São Paulo, em 1940, onde ainda hoje vive e trabalha. Como fotógrafa documentou o País e a América Latina desde a década de 70. Aos 27 anos, mãe de três filhos e cursando faculdade, Nair foi presa pelo regime militar. Detida por nove meses, viveu o horror da tortura. Em 1979, fundou a F4, agência de documentação e jornalismo, ao lado de Juca Martins, Delfim Martins e Ricardo Malta. A F4 foi uma das primeiras agências independentes do país e teve papel importante na discussão dos problemas da categoria, como direito autoral e o crédito obrigatório. Seus trabalhos foram publicados em diversas revistas nacionais e internacionais. Suas fotografias integram os acervos do MoMA/NY, do MAM/RJ e da Coleção Masp-Pirelli/SP. Realizou exposições em São Paulo, Rio de Janeiro e em outros países como França, Espanha, Cuba, Itália, Estados Unidos, Suíca, Equador e México. Em 1991 fundou a N Imagens, onde atua até hoje.

”A diferença nos enriquece como seres humanos. Aprender a ser gente! Ir além do Homem. É em nome desse valor que devemos nosso respeito à terra, à água, aos animais, às arvores, às flores e a todos os viventes deste planeta onde vivemos. Já perdemos tempo demais. Mãos à obra!”, essa é a Nair Benedicto.

Nair foi mulher pioneira na cobertura de manifestações e greves, na década de 70, e Tuane Fernandes se destaca na rua com sua corajem e determinação. Nunca encontrei nenhuma das duas sem a câmera, estão sempre prontas para novas histórias!

Foto: Mel Coelho

TUANE FERNANDES

Tuane é uma fotógrafa de rua. Olha atentamente e quase que ao mesmo tempo para todos os lados. Sua fotografia é jovem, potente e presente. Atraída pelas questões que envolvem democracia, estado de direito e igualdade de gêneros, está sempre muito próxima dos acontecimentos. Consegue antecipar os movimentos nas ruas e os confrontos, talvez pelo seu espírito manifestante e ativista que a coloca sempre no lugar certo. Se tem fogo, Tuane está por perto.

Tuane Fernandes nasceu em São Paulo, em 1991. Cresceu no bairro Jardim Salete, em Taboão da Serra. Tuane faz parte de um grupo de mulheres que escolheram a fotografia como espaço de luta, ocupam as ruas como fotógrafas e manifestantes. É fotógrafa desde 2015 e acredita que a imagem pode iluminar o mundo a partir da história das mulheres. Procura registrar aquilo que normalmente passa despercebido por muitos olhares, aliando suas convicções políticas ao seu trabalho. Foi através das lentes que descobriu como se expressar, e encontrou na mídia independente, colaborando com a Mídia NINJA, seu meio de expressão. Se dedica a documentar o tempo atual em busca de novos espaços, com o propósito de contribuir com novos cenários, porque acredita que o fotojornalismo também é lugar de mulher.

Uma carreira que começou outro dia, um desejo enorme de mudar o mundo, Tuane já é um destaque na história do fotojornalismo brasileiro mesmo com tanta coisa para viver, aprender e descobrir.

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