A votação pelo Senado no dia 11 de julho de 2017, em que foi aprovada a reforma trabalhista, fez o Brasil retroceder em muito: cerca de 70 anos nas relações trabalhistas; cerca de 120 anos nas relações de trabalho e milênios nas relações humanas.

Retrocedeu na relação trabalhista porque houve uma quebra do acordo entre o capital e o trabalho, celebrado pelo trabalhismo, promovido por Getúlio e retomado pelo governo popular, onde o capital nacional geraria emprego com dignidade, pelo reconhecimento dos direitos dos trabalhadores, e salário que distribuísse a renda para os trabalhadores nacionais, creditando a eles, também, o mérito da produção da riqueza.

Em contrapartida, o capital nacional seria protegido da concorrência internacional; daí por que tantas benesses do Estado em relação ao capital: sejam empréstimos, com juros subsidiados, para compra de equipamentos e manutenção de capital de giro, além de seletividade nos impostos, entre outros, diferenciando o empregador nacional do empregador Internacional, que, a rigor, para atuar em solo nacional tinha de nacionalizar-se, o que permitiu que a empresa nacional crescesse a ponto de algumas delas alcançarem o status de multinacionais.

O Estado se incumbiria de administrar essa relação de direitos; e de investir na infraestrutura, na educação, na saúde, na moradia para o bem de todos; assim como garantir a soberania nacional pela preservação, com adequada exploração e administração dos recursos naturais.

Esse acordo, há muito vinha sofrendo reveses, sendo o mais recente a terceirização ilimitada. Com a votação do Senado, foi implodido. O agravante é que perdeu só o trabalhador, já que o empregador continua contando com a parceria plena do Estado.

Retrocedeu na relação de trabalho, porque o trabalho passou a ser uma espécie de benesse do capital, onde o trabalhador deve ao empregador e trabalha nos termos deste. Ainda que alguns direitos do trabalhador tenham sido mantidos, a relação se aproximou do escravismo.

Retrocedeu nas relações humanas. Desde a muito a humanidade desconfiou da diferença entre seres humanos: alguns mais hábeis que os outros, alguns mais perspicazes que os outros, alguns mais fortes que os outros. Durante muito tempo a humanidade atribuiu essas diferenças a favores dos deuses, que davam a tais agraciados o privilégio de exercer algum tipo de domínio sobre os demais.

A fé cristã, a partir da revelação aos hebreus, e da universalidade da redenção do Cristo, Jesus de Nazaré, tratou de realinhar essa observação. Ensinou, assim, que houve uma tragédia com a espécie humana, de modo que passamos a sofrer os reveses dessa tragédia na nossa formação desde o nascimento, porém, somos uma só família, a unidade humana, daí humanidade, por isso, todos os dons e possibilidades são para o bem de todos, uma vez que o são para a construção da humanidade, da unidade humana, para que todos os membros da humanidade desfrutem de tudo que Deus é e de tudo que Deus doa, a isso a fé cristã chama de Justiça..

O Brasil, que se tem como uma nação pautada pelos princípios cristãos, e que, engatinhando, estava começando a escapar do equívoco primitivo, com essa votação voltou à lógica de onde custou para começar a sair.