Por Diogo Carvalheiro de Lima

As recentes descobertas de trabalho escravo em vinhedos ligados à produção de vinho acedem um sinal de alerta e nos impõe a reflexão sobre a origem daquilo que consumimos. Quando somos informados de casos como esses, rejeitamos de imediato rótulos dessas bebidas, mas com o passar do tempo, o esquecimento e a falta de informação, somados à disposição nas prateleiras das grandes redes de supermercado, levam novamente produtos como esses às nossas mesas. A questão central aqui não é culpabilizar o consumidor, e sim elevar o nível de consciência e interesse sobre como são as cadeias produtivas.

O grande capital combina diferentes áreas de atuação, mas isso não aparece explicitamente. No caso do imenso rombo ocultado das contas da Lojas Americanas, não associamos de imediato o fato de seu maior acionista também ser o dono da Ambev que, em 2021, junto com a Coca-Cola, recebeu R$ 1,6 bi de Paulo Guedes e Bolsonaro. A mesma empresa cervejeira que era recordista de reclamações no antigo Ministério de Trabalho, agora ressuscitado pelo novo governo Lula. Trabalho escravo ou precarizado, golpes financeiros, ajudas como isenção fiscal e empréstimos a juros baixos são apenas alguns dos ingredientes das grandes marcas.

Do outro lado, os pequenos produtores, em muitos casos empresas familiares, são responsáveis por empregar mais gente por litro produzido. Possuem custos mais altos e dificuldades como uma legislação com exigências desproporcionais à capacidade de investimento. Não contemplando o pequeno produtor, usam da criatividade e desenvolvimento de técnicas de produção para oferecer variados estilos de cerveja com qualidade a um preço justo.

Outro ponto importante da pequena produção é o circuito curto. Cervejas que viajam grandes distancias requerem mais conservantes artificias, isso não é bom para nossa saúde. Quanto mais próxima a produção do local de consumo, mais fresca e melhor fica a nossa querida cervejinha.

A proximidade também contribui para melhor conhecer os produtores, seus métodos, ingredientes e propostas, criando assim uma relação comunitária, diferente da forma fetichizada com que a indústria pretende atrair consumidores.

Apoie o pequeno produtor!

Beber é um ato político!

Diogo Cavalheiro de Lima é cervejeiro e militante do Movimento dos Pequenos Agricultores.

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