Era março de 2019, em Suzano, quando a Escola Raul Brasil foi palco de um massacre, deixando oito mortos. Cinco anos se passaram, e um jovem aluno da Escola Estadual Thomazia Montoro – Vila Sônia, zona oeste da capital paulistana –, matou, a facadas, a professora Elisabeth Tenreiro, de 71 anos, e feriu outras cinco pessoas – três delas, professoras. E a pergunta que fica é: até quando vai perdurar este ciclo de violência e descaso?

A associação Nova Escola – em julho de 2022 – ouviu mais de 5 mil professores no Brasil. Destes, 51,23% relataram terem sido agredidos verbalmente nas escolas em que trabalham; outros 7,53% relataram terem sofrido violência física. A maioria dos agressores (50,5%) eram alunos. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em pesquisa de 2019, traz dados também chocantes, colocando o Brasil como líder do ranking em agressões contra docentes.

Inúmeros são os fatores que levam à atentados em escolas, porém sabe-se que o “Bullying” tem papel de destaque. Esta palavra de origem americana é usada para descrever atos de agressão verbal e física, além de intimidação, repetitivos, contra um indivíduo. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, no Brasil, mais de 40% dos estudantes adolescentes alegaram sofrer com essa prática. Aumento de aproximadamente 10% em relação aos dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE): Análise de indicadores comparáveis dos escolares do 9º ano do Ensino Fundamental, realizada em 2019.

Diante de um cenário desafiador como esse, a dança das cadeiras no comando do Governo do Estado de São Paulo, parece atrapalhar processos, que já deveriam estar em curso, além de atrasar a implementação de outros. A tentativa de colocar policiais reservistas dentro das escolas, a criação de um canal direto de comunicação entre diretores e batalhões próximos e a garantia de atendimento psicológico gratuito para alunos da rede, foram algumas das ações que não saíram do papel.

Por outro lado, a instalação de sistemas eletrônicos de vigilância, a criação do Gabinete Integrado de Segurança Escolar e o Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar (Conviva), são exemplos de ferramentas ativas que procuram minimizar o problema.

Como se não bastasse serem alvos diários de agressão, os professores sofrem com a desvalorização do seu trabalho. Conforme o relatório do 2º Ciclo de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de Educação (PNE), de 2018, docentes de escolas públicas ganham, em média, 74,8% do que ganham profissionais assalariados de outras áreas, ou seja, cerca de 25% a menos.

Interromper o ciclo de violência instaurado nas escolas, garantindo segurança aos professores e alunos, faz-se necessário. E para isso, é necessário o fomento de novas políticas públicas. Além disso, é imprescindível, que um país que já teve como lema a “Pátria Educadora”, dê mais valor e melhores condições financeiras para quem educa e constrói as novas gerações.

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