Foto: Ulises Ruiz / AFP

Por Patrick Simão / Além da Arena

A prisão do jogador Daniel Alves, após ser acusado de estupro, gera revolta e também reflexões problemáticas sobre o futebol brasileiro. Como foi dito em um tweet de Carol Baudien que viralizou: “xingaram mais o Daniel Alves quando foi convocado do que quando acusado de um crime hediondo.”

A indignação seletiva é padrão quando este crime é associado a um atleta ou artista famoso, em uma busca por descredibilizar a vítima. Neste momento, muitos fatores não permitem defesa alguma a Daniel Alves: suas contradições nos depoimentos, a prisão devido ao alto risco de fuga, as provas de conhecimento público e o fato da vítima afirmar que não vai receber dinheiro, apenas quer justiça.

Ao acompanharmos a repercussão sobre o caso nas redes sociais, é possível confirmar que na maioria das vezes a defesa a Daniel Alves parte de bolsonaristas, visto que o jogador apoiou Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais. O padrão se repetiu com o ex-jogador Robinho, que inclusive foi a uma manifestação que pedia intervenção militar e tirou fotos com outros apoiadores de Bolsonaro.

Para além da seletividade de parte considerável da população, há um silêncio dentro do futebol brasileiro. Boa parte dos principais jogadores e ex-jogadores brasileiros se pronunciam em conjunto para defender a si mesmos, ou quando algum comentarista (como foi recentemente com Walter Casagrande) diz algo do qual eles discordam. E claro que eles podem se indignar e se posicionar em divergências de opinião, mas o fato de não se indignarem publicamente com um crime de estupro é bastante problemático.

Para tornar tudo ainda mais grave, também é importante relembrar que, para justificar a muito questionada convocação de Daniel Alves para a Copa do Mundo, o técnico Tite argumentou sobre a “importância mental” de Daniel Alves para o elenco. Em contrapartida, a comissão técnica não levou psicólogos para sua delegação, atribuindo essa função a um jogador sem nenhum conhecimento científico para isso. Um mês depois, o jogador que foi considerado pelo técnico como “a referência psicológica” da Seleção foi preso por estupro.

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

Colunista NINJA

Memória, verdade e justiça

FODA

Qual a relação entre a expressão de gênero e a violência no Carnaval?

Márcio Santilli

Guerras e polarização política bloqueiam avanços na conferência do clima

Colunista NINJA

Vitória de Milei: é preciso compor uma nova canção

Márcio Santilli

Ponto de não retorno

Andréia de Jesus

PEC das drogas aprofunda racismo e violência contra juventude negra

Márcio Santilli

Através do Equador

XEPA

Cozinhar ou não cozinhar: eis a questão?!

Mônica Francisco

O Caso Marielle Franco caminha para revelar à sociedade a face do Estado Miliciano

Colunista NINJA

A ‘água boa’ da qual Mato Grosso e Brasil dependem

Márcio Santilli

Mineradora estrangeira força a barra com o povo indígena Mura

Jade Beatriz

Combater o Cyberbullyng: esforços coletivos

Casa NINJA Amazônia

O Fogo e a Raiz: Mulheres indígenas na linha de frente do resgate das culturas ancestrais

Rede Justiça Criminal

O impacto da nova Lei das saidinhas na vida das mulheres, famílias e comunidades

Movimento Sem Terra

Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária do MST levanta coro: “Ocupar, para o Brasil Alimentar!”