Começa hoje oficialmente uma das mais importantes eleições da história de nosso Brasil. Temos o desafio histórico de derrotar Bolsonaro e tudo o que ele representa nas urnas. Depois dele, derrotar o bolsonarismo e suas consequências trágicas, tarefa dura e urgente para o próximo ciclo de lutas.

Para isso, temos a missão histórica de eleger uma bancada progressista à altura do desafio do nosso tempo. Aldear o Congresso Nacional e as assembleias legislativas da melhor representatividade político-cultural brasileira. Eles serão arco e flecha das batalhas vindouras, e sobretudo, avatares institucionais do projeto de reconstrução do país, tendo como timoneiro os desafios estruturantes do século XXI.

O enfrentamento da fome, o revogaço das medidas destrutivas realizadas pelo atual governo, ainda lideranças da construção de um projeto verde nacional urgente, de descarbonização da economia, enfrentamento da crise climática e fortalecimento da cultura brasileira. Um projeto que reposicione o Brasil na dianteira do debate civilizatório global, e do projeto político de cura que não só nós necessitamos, mas todas as nações na era pós pandêmica.

De olho nisso, a ANMIGA (Articulação Nacional das Mulheres Indígenas), em parceria com a APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil) e aliados, lançam hoje uma campanha cidadã para apoiar candidaturas de mulheres indígenas ao Congresso Nacional e também nos estados. Ao todo, dezenas de lideranças se colocaram na disputa por votos em todo o país, e o cenário, claro, não está fácil. Além do racismo estrutural e da misoginia, enfrentam o parco apoio institucional de seus partidos, e a desconfiança sobre suas capacidades de gestão.

Ora se são eles os responsáveis por preservar 82% de toda a biodiversidade do planeta, mesmo representando apenas 5% da população mundial, não seriam eles os melhores gestores para o enfrentamento das crises de dimensões múltiplas que enfrentamos?

Os modos de vida e de gestão dos territórios indígenas os tornaram os mais preservados nos últimos 35 anos, de acordo com Estudo do MapBiomas. São eles os responsáveis pelas últimas fronteiras de matas e florestas em várias partes do país. Isso faz com que suas presenças sejam não apenas necessárias, mas obrigatórias dentro dos espaços de poder. Vale sempre lembrar que em 132 anos de República somente 02 indígenas tiveram cadeiras no Congresso Nacional como deputados federais, o primeiro Mario Juruna de 1982-1986; e 36 anos depois Joenia Wapichana, entre 2018 – 2022.

Para enfrentar a sub-representatividade e fazer frente ao crescimento da poderosa bancada do boi e do agronegócio, o movimento indígena desde 2017 vem estimulando candidaturas de indígenas em todo o país a partir de chamados lançados no Acampamento Terra Livre (ATL), de 2017 para cá. No último, apresentou mais de 30 candidaturas em todo o país, com destaque às candidaturas das mulheres indígenas apresentadas nestas eleições como bancada do cocar.

Sonia Guajajara volta à disputa, dessa vez, como candidata a deputada federal pelo PSOL em São Paulo, depois da disputa como co-presidenta de Guilherme Boulos na chapa presidencial do partido em 2018. Como candidatas a deputada federal ainda temos a potência de Célia Xakriabá em Minas Gerais; Joênia Wapichana, candidata à reeleição, em Roraima; Kerexu Yxapyry, em Santa Catarina; para citar algumas.

Nos estados, como candidatas a deputadas estaduais temos Val Eloy, em MS; Simone Karipuna, em AP; Eliane Xunakalo, em MT; Juliana Jenipapo Kanindé, no Ceará e Chirley Pankará, em SP.

Para mobilizar o eleitorado, estão convidados todas e todos os apoiadores a se somarem a rede abrindo casas e embaixadas do cocar presenciais e digitais em todo o país, que juntos às embaixadas indígenas ou do cocar, se somarão numa grande rede de apoio e mobilização das candidaturas nos estados, construindo como legado, uma rede de lutas pelas agendas socioambientais e indígenas no Brasil no próximo ciclo que se iniciará após as eleições.

Portanto, se você faz parte dos 81% dos eleitores brasileiros que se preocupam com a violência na Amazônia (dados Instituto Clima), e com as questões ambientais urgentes, a hora de fazer a diferença é agora. Que nossa geração garanta a representatividade das mulheres indígenas no poder.

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