Marina Guião durante protesto na COP-26

Texto por Amanda Cristina, Revisão de Ingrid Victo Oliveira.

Entrevista com jovens ativistas sobre a conferência do meio ambiente COP26 – Marina Guião e Rodrigo Beltrão, com discussão composta por ela e ele e por Janine Avellar e Isvilaine da Silva Conceição.

Quando a fuligem abre os nossos olhos ao invés de cegá-los, é necessário ai perceber a soberba, e que não somos o centro do Brasil, nem do mundo. Poderia começar este texto de muitas formas, mas prefiro começar dizendo: você não pode salvar o que você mesmo feriu cara pálida. Baixa a bola ai, e assume que é você quem precisa da mãe terra não ela que precisa que você a salve. Mas o algoz sempre arranja outra forma sutil de ser abusivo.

Lembro que quando tinha 10 anos, embalada pelos desenhos do Capitão Planeta, pelo clima do momento, via na tevê e nas rádios a ECO-92 uma conferência enorme, com muitos meandres na qual o “planeta se juntava” segundo a própria definição do evento, para discutir, de forma romântica – ou não – o “futuro” ecológico da bola azul. Muitos avanços foram gerados daí pra frente, porém… Sempre tem um porém.

O advento da notícia rápida, nos traz, ministros mandando a boiada passar. Mais de 20 pessoas do povo Yanomami sumindo de suas terras em Roraima de um dia para o outro depois de violentamente uma criança de 12 anos ser estuprada e morta e outra criança de 4 anos sumir dentro de um rio. Garimpos ilegais contaminam e violentam com mercúrio e cheiro de morte a terra e os povos originários ao redor. Guerras armadas por baixo das copas das árvores, que outrora traziam, sustento equilibrado de todos que moravam de forma harmônica ali por milhares de anos. Recentemente um jornalista e um funcionário licenciado da FUNAI, desapareceram sem deixar rastros, além dos muitos e muitas ativistas que já perderam suas vidas.

A terra agoniza, a terra que é nossa mãe está sendo violentada há muito tempo e está ardendo em febre, mas não podemos nos sentirmos salvadores, aliás quando fala-se de ser humano, por aí nas mídias, se fala, com a cabeça de agora 2022 ou com a cabeça de 1900? somos ao contrário disso, responsáveis e parece que a cidade intrusa só percebe quando o cheiro da fumaça se confunde com o da sua poluição, ou quando uma tatuagem, revela a ponta do iceberg de montanhas de dinheiro construída, para um AGRO negócio grotesco, que preza o tamanho dos alqueires e não a preocupação com o meio ambiente, nem com as vidas nas regiões nas quais desmatam e matam.

No dia 05, de junho de 2022, de forma insuficiente dado o tamanho do estrago, paramos (não incluindo todo mundo que deveria assumir a responsa) como planeta, para discutir o meio ambiente, diante disso resgato uma entrevista que fiz com um grupo de jovens sobre a COP26 a Conferência do Clima organizada pelas Nações Unidas.

Toda minha ironia aqui em dizer que: o que está sendo feito, é pouco – não é suficiente, afinal algumas mentes tacanhas do exterior não entendem a nossa ironia, acham que “salvar” a floresta, o meio ambiente, é uma questão de “biodiversidade” apenas, acham que como “The Simpsons” mostraram que a Amazônia vai até a margem do Rio Tietê, eles acreditam ser salvadores.

Seguem as entrevistas, com duas pessoas dessa galere linda, que o Orum me colocou em contato nessa terra, e as apresentações destes jovens que mais do que muitos estão tentando reaver os cacos do que foi deixado, lutando pelo agora:

Fotos de acervo pessoal

 

Fotos de acervo pessoal

Isvilaine da Silva Conceição é engenheira ambiental e ativista por justiça Climática. É articuladora do engajamundo, onde é membro do grupo de trabalho Clima.

Janine Avellar de Volta Redonda – 21 anos, graduanda em Administração Pública na UFF. Atualmente, preside o Centro Acadêmico do curso, faz iniciação científica em Sociologia do Trabalho – pesquisando sobre perdas de direitos após a Reforma Trabalhista de 2017 – na UFF (com financiamento do CNPq), e é voluntária do Grupo PET Gestão Social. Em 2020, co-fundou uma ONG de educação política para secundaristas que se chama “Andemos: um caminhar democrático“. Além disso, é uma das coordenadoras do movimento suprapartidário Democracia Verde em Volta Redonda, e também participa do coletivo de skatistas mulheres e LGBTQI+ chamado +QSkate.

Marina Guião, 18 anos de Volta Redonda – RJ. Começou a se envolver com ativismo climático em sua cidade há cerca de 4 anos e atualmente trabalha com grupos brasileiros e internacionais focando principalmente em educação climática e novas formas de engajamento nesta causa. Já organizou greves, campanhas e lives com a pauta socioambiental em diversos coletivos como Fridays For Future e Latinas For Climate.

Rodrigo Beltrão, fundador do coletivo Democracia Verde, conselheiro de juventude em Volta Redonda, secretário de juventude do PV Volta Redonda, graduado em Direito pela UFF.

O que é o Agro? E como ele deveria ser, como ele afeta as medidas para freiar as mudanças climáticas?

Rodrigo Beltrão – Hoje o agro no Brasil é a manutenção de um modelo colonial, que com o latifúndio monocultor se perpetuou ao longo dos séculos, mantendo os problemas fundiários, raciais, ambientais e trabalhistas como os maiores desafios para que a nação tenha futuro. Esse modelo deveria ser totalmente revisitado, baseado em uma reforma agrária efetiva e movido pelas tecnologias desenvolvidas nas universidades (agro molecular, bioenergética, etc.). E a maior carga de emissões de carbono brasileira é vinda do desmatamento, causado pela atividade agropecuária, então discutir uma redução nas mudanças climáticas é discutir urgentemente o fim do desmatamento e das queimadas no país.

Marina Guião – Um sistema de destruição projetado para lucrar em cima de pessoas e da natureza. Deveria ser construído a base de sistemas agroflorestais, que preservem os limites naturais básicos, além de não explorarem trabalhadores do campo com condições insalubres.

O corona vírus também é uma consequência do desmatamento, vocês acha que o mundo se mobiliza apenas quando dá um ruim na produção?

Rodrigo Beltrão – Por mais que pareça muito, não acredito nisso. Vejo que temos potencial pra evitar essas situações de crise, mas o modelo de produção capitalista nós obriga a passar por elas. O mundo é mais plural do que o sistema capitalista admite, e dentro dessa pluralidade existem saídas concretas pra evitar momentos de crise. Mas, como o próprio coronavírus prova, não podemos ficar esperando a mudança, pode ser tarde demais para isso.

Marina Guião – Sim, e a parte rica não se mobiliza nem quando o MAPA (Pessoas E Áreas Mais Afetadas) já estão sendo impactados. Fato é: a ciência já apontou as consequências reais das mudanças climáticas não só no futuro mas também no presente. América Latina, África e Ásia sofrem demasiadamente mais (mesmo com menos contribuições históricas de emissões), e a Europa e América do Norte (mais responsáveis e com mais poder/responsabilidade de mudança) não se movem por não sentirem o presente arder.

O ser humano acha que pode inventar outro mundo com seu dinheiro, o que vocês jovens acham disso?

Rodrigo Beltrão – Não é o ser humano que acha isso, mas sim os capitalistas. Acreditar que o capitalismo é uma condição de existência é um erro grave, até porque não há chance de superar as mudanças climáticas seguindo essa lógica de produção. A juventude sempre atuou historicamente na superação de modelos ultrapassados, e o desafio dessa nossa geração é reverter tanto a crise climática para garantir um amanhã quanto a concentração de renda dos últimos séculos para que exista uma prosperidade comum, não só aos bilionários de sempre.

Marina Guião – O 1% mais rico provavelmente irá fugir pra Marte quando seus países sentirem mais os impactos, mas nem eu nem você que está lendo isso fazemos parte desse grupo. É uma elite do atraso que vai comprar a vida deles em detrimento da nossa. Acreditar em geo-engenharias e em mudanças de planeta como a solução mais viável é ignorar anos de relações sustentáveis com a natureza, liderados por povos indígenas, e colocar mais uma vez o lucro imediato de poucos em detrimento da vida de muitos. Não poderemos migrar todos para Marte, quem não pode pagar pela vida livre de destruição irá pagar, COM A VIDA, os contínuos erros de líderes e corporações exploratórios.

Na conferência vimos muitos jovens lutando por medidas melhores e efetivas de contra as mudanças climáticas? Vocês acham que o plano moderno do ocidente pode ter uma salvação?

Rodrigo Beltrão – O oriente tem uma formação totalmente diferente do ocidente, mesmo que o processo de integração global tenha borrado muitas fronteiras. São formas de ver e agir distintas, mas que não se anulam. O ocidente contribui fortemente pra modernização e compreensão do mundo, mas peca na ganância desmedida e predatória de seu modelo socioeconômico. A salvação, não do ocidente, mas da humanidade, só será possível com a coexistência das diversas formas de ver e agir, priorizando a dignidade e prosperidade comum como princípios de base.

Marina Guião  – Essa COP foi a melhor em termos de representação da delegação da juventude, estávamos presentes como nunca e nos organizamos incessantemente para ocupar aquele lugar da melhor forma. Infelizmente não atingimos tudo que queríamos, sendo sincera, nem perto disso. Os países em desenvolvimento ainda foram muito silenciados nas salas de negociações e “observadores” – sociedade civil que consegue entrar na conferência – quase não observavam nada com tamanhas restrições. Realizar uma COP num dos países mais caros do mundo e sem muito apoio para as pessoas que vinham de fora já demonstrou o desinteresse em abraçarem diferentes realidades, isso só se confirmou com acordos fracos e adiamentos que desconsideram a vida das pessoas em risco no dia de hoje.

Sobre demarcação de terras, é possível ter alguma medida efetiva contra as mudança climáticas, no Brasil, sem essa ação anterior?

Rodrigo Beltrão – Não. Esse problema, que veio pra cá em 1500 e se manteve como base econômica até hoje, é a maior causa do nosso subdesenvolvimento. A questão agrária definiu os problemas raciais, ambientais, trabalhistas e sociais do país desde sempre, e algo com esse nível de penetração deve ser resolvido definitivamente, não com maquiagens e afins. Não haverá um Brasil livre e próspero de verdade se as correntes da colônia ainda nos prenderem.

Marina Guião – Não, povos indígenas são os guardiões e protetores fundamentais não só da Amazônia mas também de todos os biomas brasileiros. Se vamos falar da maior potência biodiversa do mundo e essencial na sobrevivência planetária contra esse crise, conversar com os defensores da floresta e demarcar seus territórios é necessário.

Como ações ambientais desastrosas cruzam com pautas étnicas, feministas, existe uma convergência de pautas, como o ativismo jovem faz diferente de um outro ativismo mais tradicional?

Rodrigo Beltrão – A juventude sempre foi o motor das lutas sociais, independente da geração dessa juventude. Assim que nós envelhecermos, a próxima juventude virá para questionar nossas ações. Nosso trabalho não é ser diferente de tudo, mas garantir uma compreensão sólida de que somos todos trabalhadores. Todos nós sentimos na pele o desequilíbrio ambiental, e o ambientalismo abraça todas as pautas de luta, até porque não haverá planeta pra lutar se não agirmos agora. O jovem é trabalhador, o povo negro é trabalhador, a população LGBTQIA+ é trabalhadora, as PCD são trabalhadoras… Deixando isso claro, a luta política ganha coesão, seja na pauta que for. A consciência de classe é o fator necessário para que o ativismo ultrapasse questões pontuais e discuta a reforma geral da nossa sociedade atual.

Marina Guião – É cientificamente comprovado que mulheres, negros, indígenas e pessoa de periferia são as pessoas mais afetadas por essa crise ecológica que vivemos, por isso, pautar clima sem pautar raça, gênero e território, é como defender apenas a integridade do jardim botânico frequentado pela classe mais alta – spoiler: eles nem precisam ser defendidos até porque atualmente não são afetados. A juventude tem um olhar de urgência com ações no presente que consegue conectar esses pontos e deixar claro para todos os homens brancos engravatados que entendemos a conexão de todas as crises e está na hora de darmos um basta em todas juntas.

O que vocês acham quando o ativismo é seletivo, por exemplo jovens que são ativistas ambientalistas, mas não olham outras causas, como o racismo, pois acham que não é de sua área, como o jovem “good vibes ativista” pode atrapalhar também a causa?

Marina Guião – Não entender a conexão de todas as crises é repercutir opressões históricas com outros grupos que “não sejam o seu”. Defender a liberdade de todos é defender o direito à vida com dignidade e integração sustentável com a natureza. “Good vibes ativista” nada mais é do que uma pessoa que ainda não entendeu a profundidade das raízes pobres – das quais ainda colhemos frutos. Esses, tornam o debate raso e enfraquecem nossa luta por uma revolução sustentável em busca de um sistema que valorize as pessoas.

O que é greenwashing? Como os monopólios da indústria contribuem para o desmatamento?

Rodrigo Beltrão – Os mesmos responsáveis pela destruição do planeta, pela exploração irresponsável de “recursos” e pela acumulação brutal de capital, agora precisam se legitimar no cenário moderno para manter sua capacidade exploratória. As tecnologias atuais conseguem reduzir, ao menos esconder, esse viés predatório e permitem que grandes empresas monopolistas se passem por amigas da natureza e façam acordos com governos para que sua presença seja bem recebida pela população. As maquiagens só turvam aparências enquanto o desmatamento continua a todo vapor. No Brasil, onde quase todo o capital exploratório é estrangeiro, essa dinâmica é ainda mais perigosa.

Marina Guião – “Limpeza verde” – numa tradução direta, é o que muitas empresas podres tentam fazer ao perceberem que, tornando seu produto mais aparentemente sustentável, irão atingir o público que opta por opções mais naturais e livres de exploração – pode ocorrer não só com alimentos mas com toda e qualquer empresa que venda produtos ou ideias. Monopolizar um mercado, comunidade, região ou economia faz com que somente uma opção seja viável para as pessoas atingidas, sendo assim, não importa o quão destrutiva seja certa indústria, ela não terá concorrência e as pessoas optarão por ela.

Você acha que a tecnologia e a apropriação da tecnologia pelo ativismo pode gerar medidas para freiar o avanço das mudanças climáticas e do desmatamento?

Rodrigo Beltrão – Com certeza! A tecnologia serve a humanidade, e hoje ela está sendo desenvolvida nas mãos de entes privados, priorizando lucros pode definir nossa ruína enquanto espécie. Quando no processo revolucionário tomarmos os meios de produção, a tecnologia está inclusa e é fundamental pra dar forças ao movimento. O mundo moderno está conectado, recusar esse fato é recusar as chances de sucesso de qualquer tentativa de mudança. Imagine trabalhadores do mundo todo podendo estar juntos num ambiente virtual decidindo os rumos para a humanidade!

Marina Guião – Certamente o desenvolvimento tecnológico e científico auxiliou nas pesquisas e em mecanismos mais sustentáveis, no entanto, não é possível ignorar que o “boom” de emissões e aquecimento planetário aconteceu justamente após a revolução industrial, nos levando a conclusão que nossas tecnologias foram programadas apenas para serem úteis a curto prazo e não pensando em uma relação sustentável com a natureza. No que diz respeito a solucionar essa crise, há uma linha tênue entre auxiliar no que a ciência indica ser certo e vender ideias vazias de resolução. Como dizem as boas línguas: a melhor tecnologia já inventada foi a árvore – autossuficiente, não só refresca o ambiente como tira gases causadores do efeito estufa. Preservá-las será sempre a melhor opção.

Vemos hoje em dia uma intenção midiática de dispersão dos jovens algoritmos desviando a força revolucionária para muitas informações erradas ou obscuras. Como um jovem pode começar a militar nas causas das quais ele vê uma urgência, como o combate contra as mudanças climáticas?

Rodrigo Beltrão – A realidade atinge a todos independente da comunicação que seja feita. O jovem brasileiro sofre demais com a desigualdade e a segregação socioambiental, então o problema é sim percebido. Mas quando esse jovem vai pra internet procurar informações e aliados, encontra uma massa de conteúdos reacionários que desmobilizam seu ativismo. Cabe a nós atuar tanto na frente da realidade, dialogando olho no olho com essa juventude, e também produzir conteúdos progressistas e ambientalistas para bater de frente com o que encontramos na rede. Além do mais, uma pauta urgente é a regulamentação da mídia e da internet, visto serem hoje uma grande terra de ninguém que permite florescer ideologias neonazistas e a prática de crimes cibernéticos.

Marina Guião – Se informe sobre a realidade ao seu redor, comece pelo seu território. Depois, caso não encontre nenhum coletivo que paute o que você gostaria de se engajar, comece a procurar na internet possíveis grupos para se juntar e organizar em conjunto, lembrando sempre de absorver conhecimento e trazer de volta para o que você conhece, onde vive e as pessoas que convive. Atualmente há uma grande onda de greves digitais ou mobilizações muito na internet, essas, são absurdamente válidas e devem continuar em certa medida – principalmente no que se diz respeito a divulgação política, científica e revolucionária – no entanto, conversar com pessoas e criar projetos que saiam do virtual é essencial se queremos transicionar para uma sociedade de fato livre, sustentável e colaborativa. Em suma, se informe, conecte-se com pessoas que têm experiência e coloque a mão na massa.

Será que um dia vocês jovens terão novamente orgulho de ser brasileires, aliás já existiu esse orgulho?

Rodrigo Beltrão – Posso falar por mim, e nunca deixei de ter esse orgulho. Nosso país é absurdamente rico, com territórios amplos, com um povo resiliente e mentes brilhantes. Mesmo com toda nossa história de exploração e com o povo sempre de refém, conseguimos construir uma identidade nacional e uma democracia minimamente funcional. Acho que se conseguirmos construir tudo que somos apesar das elites nacionais serem sempre inimigas, podemos fazer infinitamente mais e melhor se tomarmos pra nós a liderança dessa nação e de seu futuro.

Marina Guião  – Tenho muito orgulho de ser brasileiro e, apesar de coincidir com um governo fascista, viver nessa época, com essa juventude, construindo o que estamos construindo. O “segredo” pra mim foi sempre me conectar com pessoas que acreditavam nesses mesmos princípios e estavam dispostas a derrotarem quem for que nos impedisse de lutar por uma sociedade mais sustentável. Passamos por momentos difíceis mas gritar “fora Bolsonaro” nas ruas de Glasgow com mais de 20 mil pessoas – sim, em português – nos mostrou que o Brasil é maior que esse governo e vamos vencer, custe o qur custar, até pq essa é nossa única opção.

O que você quer para o nosso futuro como parte de um coletivo?

Marina Guião – Uma sociedade livre de opressões, seja das pessoas ou na natureza, na qual não dominamos a Terra e sim fazemos parte dela como um organismo único. Quero mais jovens entendendo sua importância na luta e se informando a respeito, quero toda e qualquer pessoa acreditando que viver dignamente não é só pro 1% mais rico. Construir um coletivo que mobilize e pauta questões tão urgentes requer muita energia, eu busco ela nas pessoas com quem me conecto e nas histórias inspiradoras que estamos construindo. Segundo o IPCC, temos apenas alguns anos para mudar o cenário catastrófico, espero chegar lá e contar da revolução que fizemos e como vencemos de forma colaborativa e coordenada a nível regional, nacional e internacional.

O que posso deixar aqui de conclusão, além da consciência ser uma arma de combate, que que gerações devem entrar em consonância para articular as forças e desobstruir a Terra da ação nociva de alguns humanos nocivos de forma efetiva e que possamos unir força e combater a necropolítica de esgoto, jogada na nossa vida, dia a dia, e matando pessoas, precisa-se articular desde ontem!

A ginga, a ironia, o ar jocoso não revelado, as aspas, usados para caminharmos por cima do fogo sem nos queimar, é uma ferramenta de sobrevivência, ironia é feita na orelha, como disse a nós um dia, o angoleiro, historiador e Doutor em Educação pela USP, Allan da Rosa, os caras pálidas não a percebem, mas muitos de nós seguem vivos, diferente do desejo do colonizador, e não se vai parar de lutar, a terra é dela mesma, é nossa mãe, o rio, o córrego sem saneamento que eles poluem, tem o mesmo barulho do passado, pois as entidades do rio não querem que nós nos esqueçamos da ancestralidade, dos segredos que nunca serão revelados, do porque e para que estamos em pé hoje, o povo originário está vivo e luta para assim permanecer! Não romantize a luta como outrora fizeram os brancos modernistas (que repaginaram a ancestralidade do outro para se colocarem como “salvadores”, CLARA estratégia, do próprio colono) é também sua responsabilidade e não seu heroísmo, não só nas urnas, mas assumir a ironia e devolver que foi tomado, se liga, ciranda sozinha não salva ninguém, o momento é de guerra! Faça por merecer o que lhe foi herdado, faça algo, lute!

Não só vote certo (o que é meio óbvio), sabemos do que estamos falando, use sua influência, fale a respeito, cobre, divulgue, lute. Lógico, minhas palavras não são para todo mundo, mas para aqueles que sentem o peso de estar em dívida, e não estão fazendo nada! Parafraseando Ailton Krenak, Compartilhe ideias para adiar o fim do mundo.

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