Nenhuma chamada da capa explicava a ausência de mulheres negras

Imagem: Reprodução

A Revista Duo, publicação de variedade sobre a cidade de Joinville (Santa Catarina), chamou atenção nas redes sociais nesta segunda-feira (7) após compartilhar a capa da nova edição com a chamada sobre “a força das mulheres negras de Joinville”. No entanto, as modelos que ilustram a capa da publicação são todas mulheres brancas. Nenhuma das informações que acompanhavam a imagem explicavam a relação entre a imagem e a chamada principal.

O diretor da publicação, Toni Furtado, publicou um vídeo na página da revista em que pediu desculpa pela capa. Veja o texto abaixo:

“Eu sou Toni Furtado, diretor da Revista Duo e vim pedir desculpa. Nada que eu fale justifica nossa abordagem de capa e não é essa nossa intenção com esse vídeo. Nós entendemos que erramos e por entender, essa edição vai ser revisada, assim como nossos processos internos, para que este ou qualquer outro erro que ofenda qualquer outra pessoa não aconteça novamente. Estamos muito tristes, há uma equipe grande por trás da Duo. Reforço que estamos tristes de ter ofendido alguém de algum jeito e essa nunca foi a intenção. É uma oportunidade que a gente tem de crescer e eu reforço meu compromisso de seguir contando histórias de pessoas reais daqui da cidade. Com toda humildade , eu novamente peço desculpa”.

Usuários das redes sociais ironizaram o pedido de desculpas gravado em um vídeo de 50 segundos. Alguns demonstraram não haver surpresa em uma publicação controversa ao se falar de pessoas negras vindas de um Estado que é reduto bolsonarista inabalável (o presidente já fez declarações racistas em ocasiões passadas).

No vídeo, Furtado diz que a equipe da Revista Duo é grande, então fica o questionamento de como em pleno 2022, no meio da efervescência de discussões sobre raça e gênero, uma equipe inteira de jornalismo deixou passar uma capa que pode ser considerada, no mínimo, bizarra.

O jornalismo vem sofrendo ataques de todos os lados e perdido a confiança da população. Profissionais de comunicação precisam estar atentos ao que acontece na sociedade. Um jornalismo, seja em qual editoria for, que não tem compromisso com as demandas de uma sociedade diversa como a brasileira, não está servindo à sociedade. A não ser que de fato a intenção seja permanecer na bolha de leitores privilegiados de uma única cidade, de um único Estado, coisa impossível em um mundo com internet.

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