Há muito tempo vivemos um processo de desagriculturalização no estado do Rio de Janeiro. Não há políticas públicas para agricultura camponesa familiar que estimule a produção e o abastecimento de alimentos, garantindo assim mercado para a produção e acesso a comida de qualidade aos moradores da cidade. Como consequência temos hoje uma situação de resistência e persistência das famílias que ainda querem seguir no campo.

Desde outubro de 2021 as intensas chuvas combinadas com calor acima da média no estado vêm dificultando o cultivo de alimentos. Foram mais de 10 mil famílias afetadas, numa área de aproximadamente 14 mil hectares – equivalente a 20 mil campos de futebol. Isto significa uma perda de mais de R$ 34.805.000,00 (trinta e quatro milhões e oitocentos e cinco mil reais). Até este momento – início de março de 2022 – o estado não implementou nenhuma medida para que famílias possam retomar a produção ou mesmo seguir sobrevivendo no campo.

Em poucos meses viemos a produção hortifrutigranjeiro aumentar os preços nas feiras, nesse último fim de semana o pé de alface e couve chegou a R$ 5,00 a unidade na feira da Glória. O descaso do poder público agrava ainda mais a essa dificuldade na produção camponesa, são muitos prejuízos que poderiam ser evitados com políticas estratégicas para fortalecer a produção local, mas o histórico de desmonte e falta de compromisso dos gestores com a soberania alimentar do povo faz com que os alimentos venham de outros estados, aumentando ainda mais a dificuldade dos produtores locais em seguirem em seus territórios abastecendo o povo com comida saudável e acessível por meio de práticas agroecológicas.

As famílias camponesas do estado prestam sua solidariedade as famílias vítimas da tragédia de Petrópolis. Muitas tiveram dificuldades para doar mais alimentos. Essas famílias diziam que queriam poder doar mais comida para o povo, porem também sofreram com as fortes chuvas e abandono político sem respostas do governo.

No mês de janeiro o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), junto com Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), denunciaram essa situação e demandaram medidas a serem tomadas pelo estado para não deixar no abandono as famílias camponesas. Um relatório da Emater comprovou o tamanho do desastre para os pequenos agricultores.

É hora de mobilização em defesa da agricultura camponesa familiar no estado do Rio de Janeiro. Temos que exigir do governo federal e estadual a criação de medidas que permitam às famílias voltar a produzir e que os alimentos possam chegar na mesa de toda a classe trabalhadora urbana a preços acessíveis.

Por isso convocamos todos e todas, consumidores, sindicatos, partidos, parlamentares, artistas e formadores de opinião para contribuir nessa mobilização que é urgente e necessária para que os (as) moradores do estado do Rio de Janeiro possam ter alimentos saudáveis na mesa. É necessário criar uma política emergencial que garanta que as famílias sigam produzindo alimentos que agricultura camponesa familiar tenha política de estado que garanta condições de produzir para abastecer as cidades.