Depois do fracasso retumbante da peça publicitária de campanha: “a farofa do humilde presidente”, os gênios de marketing político do mandatário nacional enxergaram uma janela de oportunidade no possível conflito na Ucrânia – que ocupa os media em todo o mundo -, para promover um novo vexame internacional com a figura de Jair Bolsonaro.

Com um olho na campanha e o outro no “cercadinho”, o contumaz pagador de mico e perdulário servidor público foi convencido a fazer mais uma turnê turística, dessa vez na Rússia, país que costuma atacar com bravatas, assim como aos seus aliados.

Em vez de uma beira de estrada em Goiás, a locação foi desenhada para o Palácio do Kremlin, a custa do erário e sob o sigilo de um cartão corporativo milionário. Para a visita a Moscou, Bolsonaro informa uma agenda frouxa e inoportuna sob todos os aspectos, especialmente pelo momento crítico das relações entre o anfitrião, Vladimir Putin, e o presidente americano Joe Biden, à margem de um conflito mundial no território ucraniano.

Em busca de alguma visibilidade internacional e jogando para a sua claque, ainda que em flagrante contradição com o seu próprio discurso, Bolsonaro justifica a viagem como garantia ao abastecimento de fertilizantes para o setor agrícola, e articulação de novos acordos nas áreas de defesa e energia, sabendo-se que Bolsonaro praticamente ignorou a presença do Brasil nos BRICS.

Recebido de forma protocolar pelo vice-Ministro de Relações Exteriores, Bolsonaro passou desapercebido pelos media russos, mas não tardou a virar assunto das fake news no Brasil. Aproveitando-se do processo de distensão momentâneo na Ucrânia, conseguido a partir da diplomacia de lideranças políticas europeias que se esforçam para demover a Rússia da invasão ao país vizinho, o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Sales, publicou twitter sugerindo que o fim do possível conflito bélico na região teria sido possível graças a intervenção de Bolsonaro. A tentativa de passar a boiada deu errado e o twitter virou piada nacional.

Imagem: Reprodução

Ex-agente da KGB e chefe do Serviço Secretos Soviéticos e da Rússia, Putin não deixou por menos e reservou a Bolsonaro uma cerimônia para depósito de flores no túmulo do Soldado Desconhecido – homenagem tradicional na muralha no Kremlin a um militar do exército comunista que morreu combatendo as tropas nazistas invasoras.

Acostumado a bater continência para bandeiras dos EUA, o ex-capitão do Exército brasileiro – afastado da corporação por planejar ataques terroristas a quartéis militares -, perfilou-se ao lado dos generais da sua comitiva para a passagem de militares do poderoso Exército da Rússia.

Certamente Bolsonaro entrará para a história como um presidente de extrema direita que se viu humilhado publicamente ante um herói comunista anônimo, que honrou as forças de defesa e a liberdade do seu País.

Das imagens do encontro entre Bolsonaro e Putin, na tarde desta quarta-feira, 16, fica o constrangimento de um presidente completamente perdido no Kremlin, sem noção da realidade, e a convicção de que Vladimir Putin a esta altura ri às gargalhadas do diminuto visitante, que desde já se lança candidato ao prêmio Nobel da Paz como o pacificador da guerra na Ucrânia. Como não rir…

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