Um modelo econômico de extrativismo predatório consiste em retirar de forma desregrada recursos diversos do meio ambiente, causando, ao longo do tempo, severos desequilíbrios ambientais pela forma como o homem interage com a natureza para produção de riquezas dentro de um sistema capitalista. Diante dessa atividade econômica, consequência de uma extração indiscriminada, é imprescindível que países, estados e municípios criem soluções às mudanças como uma forma de conter os danos e se adaptar aos fenômenos climáticos extremos cada vez mais frequentes.

Convém mencionar que as populações são afetadas de formas desiguais por desastres naturais extremos, de modo que evidenciam o racismo e a injustiça ambiental que grupos vulneráveis como mulheres, povos indígenas, comunidades ribeirinhas, população negra, pessoas com deficiência, imigrantes e refugiados vivenciam. Ao atingir de forma distinta, percebe-se uma existência de proteção e priorização estrutural a grupos privilegiados em relação às tragédias climáticas, restando, portanto, uma ausência representativa e de reconhecimento do ativismo desses grupos. Não se pode considerar a população mais suscetível e desamparada como apenas atingidos, mas também como lideranças necessárias na linha de frente do combate às mudanças climáticas.

Considerando o modelo político atual, com falta de alternância, continuidade e o formato engessado que limita a participação de representantes nas decisões dos governos, a pauta ambiental acaba ficando nas mãos do agronegócio, indústria e pecuária, que são os maiores causadores da degradação ecossistêmica. Assim, ao Poder Público cabe criar políticas públicas e um planejamento sobre mudanças climáticas que consigam proteger o meio ambiente, as populações vulneráveis e os municípios que sempre são afetados por eventos extremos, ainda que seja apenas para se evitar ou reduzir a intensidade de tais fenômenos.

Ao não preparar tais planos, o Estado viola direitos humanos, especialmente o princípio constitucional de que o meio ambiente deve ser preservado para as presentes e futuras gerações. Este ano será significativo, pois, após grandes eventos climáticos, podendo todos serem relacionados ao aquecimento global – como rompimento de barragens, chuvas acima do esperado, desmoronamento de rochas – teremos eleições de extrema importância que determinarão o rumo para questões climáticas. Possuiremos a oportunidade de confiar nosso voto a líderes que são linha de frente no combate às questões climáticas, que compreendem a relevância de se trabalhar urgentemente essa pauta de forma responsável, sábia e representativa, antes que mais desastres aconteçam e mais populações percam tudo, inclusive a própria vida.

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

Colunista NINJA

Memória, verdade e justiça

FODA

Qual a relação entre a expressão de gênero e a violência no Carnaval?

Márcio Santilli

Guerras e polarização política bloqueiam avanços na conferência do clima

Colunista NINJA

Vitória de Milei: é preciso compor uma nova canção

Márcio Santilli

Ponto de não retorno

Andréia de Jesus

PEC das drogas aprofunda racismo e violência contra juventude negra

Márcio Santilli

Através do Equador

XEPA

Cozinhar ou não cozinhar: eis a questão?!

Mônica Francisco

O Caso Marielle Franco caminha para revelar à sociedade a face do Estado Miliciano

Colunista NINJA

A ‘água boa’ da qual Mato Grosso e Brasil dependem

Márcio Santilli

Mineradora estrangeira força a barra com o povo indígena Mura

Jade Beatriz

Combater o Cyberbullyng: esforços coletivos

Casa NINJA Amazônia

O Fogo e a Raiz: Mulheres indígenas na linha de frente do resgate das culturas ancestrais

Rede Justiça Criminal

O impacto da nova Lei das saidinhas na vida das mulheres, famílias e comunidades

Movimento Sem Terra

Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária do MST levanta coro: “Ocupar, para o Brasil Alimentar!”