É muito óbvio que essa operação contra Ciro e Cid Gomes é missa encomendada e faz parte da disputa eleitoral. Não é preciso ser muito inteligente, nem ser bem informado para perceber que justiça e combate à corrupção passaram longe! É isso que se chama Lawfare.

Vejam o significado da palavra no Wikipédia e como o povo brasileiro e o país está vivendo uma guerra invisível:

“Lawfare é uma palavra-valise introduzida nos anos 1970 e que originalmente se refere a uma forma de guerra na qual o direito é usada como arma. Basicamente, seria o emprego de manobras jurídico-legais como substituto de força armada, visando alcançar determinados objetivos de política externa ou de segurança nacional. Wikipédia.“

Eu acrescentaria “emprego de manobras jurídico-legais e também ilegais com aparência de legalidade.”

Toda a preparação do impeachment da presidenta Dilma é uma aula sobre essa estratégia golpista de utilizar as leis e as instituições para falsificar e corromper a democracia. Lawfare é o uso despudorado das instituições mais importantes e decisivas da República, Congresso, Justiça, Polícia Federal, MPF etc… e a contribuição milionária da imprensa para fins antidemocráticos.

É disso que se trata! Corromper a democracia, manipular a vontade popular e falsificar resultados eleitorais.

Essa ação contra o presidenciável Ciro e seu irmão faz parte da estratégia que tem em Moro o agente e peça principal e podemos deduzir que virão, pela segunda vez, tentar modificar fraudulentamente o resultado eleitoral.

Ou seja, tentar mais uma vez impedir que prevaleça a vontade popular de ter Lula como presidente. Para isso, terão que usar mais uma vez métodos ilícitos para falsear a vontade popular já manifesta e registrada em todas as pesquisas. O povo brasileiro quer, de novo, Lula presidente do Brasil. Essa é a grande questão e o maior desafio político sob o ponto de vista da democracia na atual conjuntura.

Farão de tudo! Não se enganem, de tudo!

Vão tentar atacar o Lula, vão atacar o PT, tentar manipular a opinião pública, já estão comprando legendas partidárias com muito dinheiro do orçamento secreto, fardo de tudo, como fizeram na preparação do impeachment e, podemos esperar, vão vir com muitas fake news, instrumento essencial da Lawfare.

Essa operação contra Ciro Gomes e seu irmão foi uma operação para esvaziar rapidamente a candidatura do Ciro e tentar imediatamente a migração desses votos para Moro. Moro não está emplacando, tem rejeição alta, não tem proposta, nem discurso e fala feito marreco. Mas é da maior confiança do Departamento de Estado Norte-Americano e das nossas elites econômicas. Com o que resta da imagem de juiz justiceiro da lava-jato, tentarão atrair os decepcionados com o governo e frustrados com a baita crise que o país está vivendo, para tentar dar uma sobrevida ao processo golpista. Dizem e eu acredito, não tenho provas mas tenho convicção, que essa candidatura foi construída lá nos EEUU. Ele teria voltado candidato para o Brasil, para cumprir essa missão.

Os articuladores dessa candidatura têm pressa. Não se importarão se parte desses votos que pretendem roubar com truques e golpes abaixo da cintura migrarem também para Bolsonaro. Um dos dois, o que crescer, será o candidato do capitalismo periférico, dependente e globalizado.

Precisam eliminar as candidaturas avulsas de centro-direita e amealhar urgentemente votos suficientes para gerar a impressão de que o golpe segue com chances eleitorais, o que em física chamam de força inicial e que gera nos fenômenos da física a velocidade inicial. Querem, com isso, frear o crescimento que Lula vem tendo em setores do voto de centro e imantar alguma energia nessas duas peças da estratégia da direita.

Charge: Jota Camelo

Moro só terá chance de crescer quando a extrema direita e principalmente os que apoiam e dão sustentação a Bolsonaro – capital financeiro, agronegócio etc… – se convencerem que Bolsonaro já não tem recuperação, eleitoralmente falando. Ambos não demonstram muita capacidade de chegar bem até o segundo turno das eleições, por isso, a direita precisa alimentar as duas candidaturas e fortalecer seus nomes. No momento, a ideia parece ser botar as fichas nos dois, Marreco e Bozo e provocar imediatamente, através de anabolizantes antidemocráticos, uma migração dos votos da direita, extrema-direita e parte do centro.

Nos últimos meses, Bolsonaro só faz cair e não parece ser capaz de inverter o crescimento da rejeição e a queda na aceitação do eleitorado, mesmo recorrendo sem limites a muitos recursos legais e ilegais, ações demagógicas, confronto com o STF, programas elaborados de última hora dentro da lógica eleitoral e armas ilegais e antidemocráticas que o exercício do poder sem controle lhe dá, tipo orçamento secreto.

É preocupante ver militares ocupando o TSE. Não é para boa coisa essa recente militarização do TSE, instituição responsável pela lisura do pleito e pelo anúncio do resultado é que terão as urnas em suas mãos durante todo o processo.

Mas, o presidente ainda tem algo em torno de 20% das intenções de voto, o que não é desprezível. Não está morto…

Ao Moro, lhe faltam os atributos pessoais necessários e só pode vingar como candidato fabricado por um marketing pesado, no modelo Collor, como um androide fabricado em laboratório.

E, o tema/mania pelo qual tem fixação, já não tem o apelo que teve no momento de afastar a Dilma. Ele e a lava-jato foram bastante desmoralizados pelas revelações dos crimes cometidos pelos promotores e por ele próprio, como juiz que comandava a operação Lava-Jato e principalmente pelos prejuízos que causaram ao país e a falência quase total do processo que ajudou a fabricar.

O povo está enfrentado as consequências: o desemprego, queda da atividade econômica, inflação, fome, crise sanitária, causadas ou agravadas pelo governo e por todo o processo de interrupção da nossa democracia. Hoje, o país aparenta para muitos ser um país sem futuro.

O sofrimento e a dor estão nos dando uma grande lição e obrigando a todo mundo ficar esperto, a não deixar se enganar de novo.

O marreco e seus fiadores vão tentar construir uma imagem, um personagem, mas precisam já, imediatamente, de resultados e que Moro dê a impressão de ser um candidato viável. Para isso, precisam piratear e hackear os votos de Ciro e de outros pré-candidatos. Como ladrões pé de chinelo que roubam perto casa, vão roubar os vizinhos do mesmo campo político-ideológico.

A operação contra a vontade popular e o ataque à democracia já começou… ou melhor ganha contornos de operação militar, porque já estão operando ininterruptamente desde antes de afastaram a presidenta legítima e legalmente eleita.

As forças democráticas, os partidos políticos do campo democrático, a cidadania e os movimentos populares precisarão ficar espertos e vai ser necessário intensificar a luta contra o golpe/processo, aumentar a força da resistência. E, a campanha eleitoral terá que ganhar novos contornos. Estamos entrando em uma nova fase da disputa. É a lisura do processo eleitoral e o destino do Brasil que está em jogo.

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