A fila do osso em Cuiabá – Ahmad Jarrah

Texto de José Carlos Elias – Onutrifavelado.

O Brasil deve registrar um novo recorde nas exportações de carnes neste ano, considerando que as receitas acumuladas até aqui já somam 90% do total de US$ 15,8 bilhões do ano passado, conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Por aqui nunca se exportou tanta carne como agora, um cenário ideal para o rápido avanço do mercado externo nesse setor, que acaba pressionando o mercado interno e contribuindo muito com o aumento dos preços!

Um cenário muito contraditório, o campo nunca produziu tanto como hoje e nem lucrou tanto como lucra hoje.  E ironicamente todos os produtos e ou derivados do campo nunca estiveram tão caros, num cenário de crise e com o dólar nas alturas, compensa ao agronegócio exportar sua produção.

A alta do dólar agrada aos grandes do agronegócio, que lucram muito e pouco reinvestem aqui. Ganham explorando nosso solo fértil e nos deixam areia no lugar!

Quem produz commodities bate recordes de lucro a cada ano e ainda conta com um grande auxilio como incentivo. Mas quem realmente produz comida esta ganhado cada vez menos e perdendo o pouco auxilio que tinha, o governo congelou diversas modalidades de financiamento ao pequeno agricultor justificando ter atingido o comprometimento total dos recursos disponíveis para agricultura, ou seja, o governo não possui mais orçamento disponível para financiar esses programas.

Esse tipo de medida dificulta a vida do agricultor familiar, que já compete com um brutal desfavorecimento. E ainda torna os alimentos mais caros, visto que ele é o principal responsável pelo que chega em nossa mesa.

Na atual política não existe empatia, nesse círculo as pessoas tem que se preocupar consigo mesmas, para eles se preocupar com quem não vive no mesmo patamar é visto como comunismo e pobres são pessoas que não querem trabalhar.

A crise política, a falta de medidas governamentais, somadas a alta do desemprego, comida, gás, energia e demais despesas básicas. Formam o cenário ideal para a exposição das classes mais baixas, que sem amparo, tem dificuldades para garantir a alimentação ideal. Ou seja comem o que dá pra comprar, ou muitas vezes não comem.

Todo esse contexto traz o triste panorama que temos hoje de pessoas tendo de procurar outras formas para cozinhar por não conseguir comprar o gás de cozinha, fazendo filas em frigoríficos e açougues a procura de ossos e restos de carne, num ato desesperado de tentar compensar a falta de comida, tudo isso enquanto a carne produzida aqui é exportada aos montes.

Saúde e alimentação digna infelizmente deixaram de ser projetos políticos do Brasil, deveria ser prioridade nacional a segurança alimentar do nosso povo, acima de qualquer outro negócio. A produção brasileira precisa ser suficiente para alimentar sua própria população interna antes de ser vendida ao exterior, a fome por aqui não é uma questão de falta de alimentos. Isso é crime de lesa a pátria, o agronegócio não é “pop” porque não alimenta o país.

Essa é a nova realidade do brasileiro, que trabalha todo dia em condições cada vez mais precárias, recebendo cada vez menos e pagando cada vez mais pelo seu sustento. Pagamos caro para comer refugo e ossos!

O brasileiro está exausto e não pode nem pensar em parar, as contas não param de chegar, mesmo doente e com tudo jogando contra, o brasileiro persiste, com fé e dedicação a teimosia do brasileiro é tentar sobreviver. Isso é um ato de valentia!

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

FODA

Qual a relação entre a expressão de gênero e a violência no Carnaval?

Márcio Santilli

Guerras e polarização política bloqueiam avanços na conferência do clima

Colunista NINJA

Vitória de Milei: é preciso compor uma nova canção

Márcio Santilli

Ponto de não retorno

Márcio Santilli

‘Caminho do meio’ para a demarcação de Terras Indígenas

NINJA

24 de Março na Argentina: Tristeza não tem fim

Renata Souza

Um março de lutas pelo clima e pela vida do povo negro

Marielle Ramires

Ecoturismo de Novo Airão ensina soluções possíveis para a economia da floresta em pé

Articulação Nacional de Agroecologia

Organizações de mulheres estimulam diversificação de cultivos

Dríade Aguiar

Não existe 'Duna B'

Movimento Sem Terra

O Caso Marielle e a contaminação das instituições do RJ

Andréia de Jesus

Feministas e Antirracistas: a voz da mulher negra periférica

André Menezes

Pega a visão: Um papo com Edi Rock, dos Racionais MC’s

FODA

A potência da Cannabis Medicinal no Sertão do Vale do São Francisco

Movimento Sem Terra

É problema de governo, camarada