Em entrevista exclusiva a NINJA Esporte Clube, Jhulia conta suas expectativas para a prova de hoje

Jhulia, com a cabeça um pouco levantada virada para a diagonal, veste camisa branco e tem três medalhas no pescoço.

Foto: Divulgação

Por Monique Vasconcelos

Natural de Terra Santa, no Pará, a atleta Jhulia Santos, de 29 anos, está em sua terceira Paralimpíada e é uma das apostas brasileiras na prova de 400m feminino na classe T11 para pessoas com deficiência visual na noite desta quinta-feira (26), às 23h, e na sexta-feira (27), a partir das 7h (horário de Brasília). Jhulia já deixou sua marca nas Paralimpíadas, quando subiu ao pódio nos Jogos Paralímpicos de Londres, em 2012, onde conquistou a medalha de bronze.

– A sensação é de ganhar uma medalha paralímpica é maravilhosa, porque a gente treina, batalha todos os dias ali, fadiga, tudo mais. No meu caso, deixei de morar na minha cidade, onde tenho minha família, para poder estar ente as melhores do mundo. Então quando a gente ganha a medalha não tem nem como explicar, porque a gente sofre tanto, a gente passa tanto por tudo, aí o objetivo é alcançado e cumprido por esse retorno, isso é muito significativo, é maravilhoso viver esse momento – diz emocionada.

 

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Além de ganhar medalha nas Paralimpíadas em 2012, Jhulia também acumula medalhas nos Jogos Parapan-Americanos: ouro em Lima, em 2019; prata em Toronto, em 2015; e bronze em Guadalajara, em 2011. Para ter todas essas conquistas, a atleta se dedica ao máximo com um treino rígido, de segunda a sexta-feira na parte da manhã e da tarde. Na pandemia ficou mais complicado fazer os treinamentos, mas Jhulia deu seu jeito.

– A pandemia afetou de forma bem drástica porque no começo foi bem dificultoso para a gente treinar, fazer as coisas. Na época da pandemia eu treinava dentro de casa e em um campo de futebol que tem bem próximo a minha casa e a gente foi contornando assim o tempo todo. Até reabrir o Centro de Treinamento, onde a gente treina hoje em dia, eu fazia tudo em casa ou no campo de futebol que tem próximo, que eram lugares isolados e não tinha contato com outras pessoas. – contou a atleta.

A pandemia, em geral, também atrapalhou um pouco o contato dos atletas-guia com os competidores, mas no final deu tudo certo para Jhulia e o guia Mateus Santos, que conseguiram treinar juntos. O atleta-guia tem como função auxiliar atletas com deficiência durante provas esportivas, trabalhando acima de tudo em prol do sonho deles. Jhulia se sente grata por isso e fala com carinho dos atletas-guia que foram sua dupla ao longo da carreira.

Em uma pista de corrida, Mateus e Jhulia, lado a lado, encostam os braços que estão estendidos e presos por uma guia. Mateus está sem camisa e Jhulia com uniforme verde escrito Brasil e venda verde escrito Saphir. Os dois estão sérios.

Foto: Reprodução

– Os guias são nossos olhos na pista. Sem eles a gente não corre, a gente não faz nada. Eles vivem com a gente, o dia todo, quase 24h, porque é um projeto todo que tem, não é só treino. A gente precisa ter uma afinidade, precisa ter uma confiança, uma segurança, uma amizade, e dentro e fora da pista ele acaba sendo os olhos da gente para tudo, porque senão a gente não corre, a gente não salta, a gente não anda, a gente não faz nada. Então ele é muito importante na nossa vida de atleta com deficiência visual.

Evangélica, Jhulia tem fé que sua estreia hoje nas Paralimpíadas de Tóquio seja de bons resultados e acredita no pódio: “Eu tenho uma grande expectativa em ficar entre as três. Se Deus quiser a gente vai brigar por medalha sim para ficar entre as três posições. A gente está treinado, a gente está trabalhado e vamos esperar, se Deus quiser vai dar tudo certo.” – diz confiante.

Confira a entrevista completa em áudio abaixo, editado por Laura Abreu:

 

Texto produzido em cobertura colaborativa para a NINJA Esporte Clube

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