Existe um pensamento do senso comum de que pessoas LGBTQI+ só precisam sair do armário uma única vez e isso não é o que acontece na nossa realidade. E também a volta para o armário pode ser necessária em alguns contextos por questões de segurança.

Sair do armário e assumir uma identidade LGBTQI+ pode ser algo impensável para algumas pessoas da nossa comunidade. Infelizmente, a LGBTQI+fobia e outras opressões acabam por impedir que algumas pessoas possam de fato ser quem elas querem ser. Isso pode ocorrer por várias questões, sendo algumas delas:

  • Dependência financeira de pessoas da família.
  • Medo de ser expulsa/ expulse/ expulso de casa.
  • Pressão de ex companheiros em tirar a guarda dos filhos.
  • Medo de perder o emprego.
  • Questões de segurança e risco de morte na região onde mora.
  • Questões religiosas.
  • Medo da solidão, de perder a rede de apoio e abandono familiar.

Costumo dizer que até hoje, mesmo após a Rebelião de Stonewall e todas as outras lutas que já aconteceram a favor dos direitos das pessoas LGBTQI+, sair do armário para viver a sua identidade ainda é um privilégio.

Sempre trago o exemplo daqui da capital do Rio de Janeiro, onde moro, uma coisa é você transitar pela zona sul sendo uma sapatão branca de classe média alta. Outra coisa é você andar pelas ruas da baixada sendo uma sapatão preta e pobre. Se formos falar das pessoas negras transexuais, o risco é maior ainda.

Sair do armário é ser exposta/exposto/exposte a vários riscos e também a coisas boas. Mas tem uma série de fatores que fazem algumas pessoas serem os chamados ” discretos” e viverem suas vidas assim. Essas pessoas não são menos LGBTQI+ por isso.

Existe um ideal de estilo de vida LGBTQI+ muito branco, jovem e de classe média alta. As pessoas da nossa comunidade são diversas e carregam múltiplas identidades dentro de um único corpo, não podemos esquecer isso.

Desejo a todas/todes/todos LGBTQI+ que estão lendo esse texto um feliz dia do nosso orgulho! E aquelas/aqueles que estão dentro do armário, vocês não estão sozinhas/sozinhos/sozinhes ou são menos LGBTQI+ por isso.

Seguimos na luta! 

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