Alcançamos uma vitória importante, ainda que não definitiva, no enfrentamento contra o reacionarismo que assola o país.

A votação do PL 813/2019 – Escolhi Esperar – que deveria acontecer no 17 de junho foi adiada para data ainda não confirmada pelo presidente da Câmara, vereador Milton Leite. Uma vitória importante considerando o apoio que o projeto tem na Câmara Municipal de São Paulo (CMSP) e do executivo.

Concorreram para tal a mobilização da sociedade civil e as várias manifestações contrárias de especialistas que ganharam voz na ampla repercussão dada pelos diferentes meios de comunicação, alternativos e tradicionais.

Também foi fundamental a articulação das vereadoras feministas da CMSP. Mas não podemos esfriar a nossa mobilização nem o debate sobre o tema, isto seria uma cilada.

Ainda na semana passada, uma deputada estadual do PSL apresentou, na Assembleia Legislativa de São Paulo, projeto idêntico ao que discutimos na Câmara. Os argumentos de defesa de projeto também são assemelhados. Ninguém admite que o que está em jogo é um política de controle sobre os corpos das mulheres. Mas não nos deixemos enganar, as motivações e premissas de quem aposta na abstinência sexual como política pública de enfretamento a gravidez precoce são anticientíficas e carregadas de uma ideologia moralizante e antifeminista.

Importante estarmos atentas para a forma como a extrema-direita tem agido desde que o Projeto Escola Sem Partido foi considerado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Observamos a distribuição de projetos reacionários em várias casas legislativas do país com o objetivo de minar nossa capacidade de mobilização contra o retrocesso.

Seria um erro de análise considerar projetos como Escolhi Esperar inofensivos. A narrativa construída pelos seus propositores elege as feministas, LGBTQIA+ e a esquerda como inimigos da família e da coesão social. Se não nos articularmos para enfrentar esta situação, deixaremos espaço para que o ponto de vista deles seja preponderante.

A utilização de notícias falsas tem sido recorrente nas disputas políticas e eleitorais e já é possível reconhecer seus efeitos. Hoje, podemos ver com nitidez o quanto elas foram determinantes na eleição de 2018.

Deixar que setores conservadores elevem suas vozes, imponham suas narrativas e visões de mundo, irracionais e anticientíficas, na agenda das políticas públicas, deixando a resistência apenas para as feministas, é ignorar o papel que as pautas conservadoras têm no ataque a democracia.

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

Colunista NINJA

Memória, verdade e justiça

FODA

Qual a relação entre a expressão de gênero e a violência no Carnaval?

Márcio Santilli

Guerras e polarização política bloqueiam avanços na conferência do clima

Colunista NINJA

Vitória de Milei: é preciso compor uma nova canção

Márcio Santilli

Ponto de não retorno

Renata Souza

Abril Verde: mês dedicado a luta contra o racismo religioso

Jorgetânia Ferreira

Carta a Mani – sobre Davi, amor e patriarcado

Moara Saboia

Na defesa das estatais: A Luta pela Soberania Popular em Minas Gerais

Dríade Aguiar

'Rivais' mostra que tênis a três é bom

Andréia de Jesus

PEC das drogas aprofunda racismo e violência contra juventude negra

André Menezes

“O que me move são as utopias”, diz a multiartista Elisa Lucinda

Ivana Bentes

O gosto do vivo e as vidas marrons no filme “A paixão segundo G.H.”

Márcio Santilli

Agência nacional de resolução fundiária

Márcio Santilli

Mineradora estrangeira força a barra com o povo indígena Mura

Jade Beatriz

Combater o Cyberbullyng: esforços coletivos