Falarei… sobre delírios aqui, porém os verdadeiros! Contumaz no início dessa coluna um desabafo à classe artística, que pode fazer parte de uma velha guarda, ou até alguns jovens que não se posicionam mesmo com muito poder de milhões em audiência, que se publicam através das redes, as e os artistas que migraram da televisão, influenciadores digitais, instagramers, comediantes de twitch.tv, Youtubers! Chamo a todes! Uni-vos, pelas redes. Assim como Tiktokers e Kpoppers se movimentaram contra o comício do velho presidente de topete e ex-apresentador de reality show (tomem cuidado com esse perfil, que estes gatunos tão querendo aparecer nas urnas em 2022). PRECISAMOS nos organizar!  O cerco está fechado tal qual a cabeça de agulha, não há mais, mas… temos que nos manifestar na medida do seguro e possível! Do impossível talvez, pois pensem só a condição desta sinopse que segue e vejam se vocês atuariam neste filme…

“… Era uma vez… Em um reino, desolado por uma grade aniquilação, perto do cinto do mundo, nos trópicos, se uniram em uma alucinante peripécia… Uma conselheira real do príncipe que vê símbolos fálicos em instituição de pesquisa sanitária da coroa, um nobre conselheiro do rei em assuntos culturais, que assusta armado, em tom jocoso, pessoas pelo corredor do palácio, um ex-senhor feudal de província, que receita em discurso sem camisa, solda elétrica, contra a Epidemia, que assola os moradores do reino, uma atriz, acompanhada por várias outres da classe artística, representantes da elite feudal, está achando o papo de morrer… pesado demais, e que vive citando puns de palhaços em seus discursos, além de gritar que as flâmulas do castelo nunca serão vermelhas, e balbuciar coisas como ‘pra frente covil, covil, salve a seleção!’ uma família real para lá de controversa, que vai de donos de manufaturas de doces, que recebe saquinhos de ouro rachados entre seus vassalos, e herdeiros com obsessões sobre armas, e que confabulam teorias sobre sociedades imaginárias de dragões vermelhos e mandam punir quem discorda destes frenesis.

Acompanhados por uma legião de lemingues de bigodes suntuosos, com motos e capacetes pontudos, conduzindo uma caravana delirante para o abismo, espalhando deliberadamente a ideia que um elixir mágico que vai protegê-los do Surto Epidêmico que assola o reino, baseados nas palavras de um conselheiro extravagante escondido em um bunker em outro reinado, e embalado por ritos de guerra como ‘É só uma Pestezinha’, e ‘Não somos Maricas!’ E tudo termina num dilúvio, de onde descerá a pouco um cara vestido de presidente, em cima de uma Banana Boat e jogará bananas em alguns jornalistas, e uma claquete pada dará risada deste show de horrores, dentro de um cercadinho  e de um picadeiro com bufões nada engraçados.”

… Essa trupe do barulho promete altas aventuras na condução do reino na Sessão da Tarde de hoje!

Enfim… não sei se vocês compartilham deste mesmo sentimento, mas eu queria que isso, que parece um roteiro muito ruim de comédia, nunca tivesse saído do papel, que estivesse em uma pilha empoeirada de um produtor de filmes de baixo orçamento em Hollywood, mas excepcionalmente, diante de muitas figurinhas fatalistas do ZAPI, de gatinhos com cara de choro, e frases como “daqui pra frente só pra trás”. Os algoritmos nos levam apenas a notícias de que as coisas estão indo para uma condução pior, como se diz por ai “Estamos Lascados”! Lógicos, os algoritmos só serão lúcidos em relação à lógica de novidades, se você partilhar de ideias que no mínimo entendem que a circunferência da terra vai para todos os lados e é esférica, caso contrário você partilha de pensamentos anacrônicos e está sendo conduzido em uma onda de notícias fraudulentas. Me desculpe, talvez, você esteja em um mundo paralelo dentro da Matrix (ou melhor na matrix mesmo sendo enganade).

Para quem entendeu o que está acontecendo, estamos vivendo um réquiem dos anos 90, somado à réquiem da ditadura, somado a costumes pudicos dos anos 40, em um anúncio de cigarro de Marlboro falso… e o Bufão de péssima qualidade que estava apenas nos churrascos e na TV, arquitetando o caos de referências ruins e estereótipos, está com o nosso leme nas mãos. Lembro que o nosso humor como nação, no geral, era bem peculiar quando eu era criança nos anos 80. Ríamos sob anestesia, nas novelas, programas da tarde, tínhamos figuras estereotipadas, que reforçam violências e preconceitos, lá no tempo do sushi erótico, nas banheiras dos domingos na TV, no tempo em que não se discutiam direitos na grande mídia, quando se construía um humor muito prejudicial que escancarou os anos noventa, e que reflete nos memes, e figurinhas na lógica atual da “zueira never end”, inclusive refletiu nas urnas de 2018.

Afinal a nova vibe “atitude coringa” é mais sobre dor, ódio contido, do que sobre ser palhaço. É uma onda angustiante, nonsense, estilo piscinas de Nutella, cenas esvaziadas, deste plano moderno volátil. O riso está ficando escasso e, junto a eles, os palhaços reais estão indo.

Porém, dentre alguns alívios cômicos e conscientes que podemos desfrutar em pequenos relâmpagos de prazer nas redes, temos a categoria das/ dos artistas de humor, que trafegam nos trazendo momentos de refresco nesta tragédia sem graça que se vive hoje, ou seja a estética “memeira” pode ser muito bem usada.

Tenho quase certeza que estes artistas, nessa vivência virtual, fizeram você dar tanta, mas tanta risada, que lhe faltou o ar. E que em pausa pensamos, é sobre exatamente o direito a dar risada, até esse ponto, do que estamos falando… nos roubam muito mais a cada dia, vidas, direito a respirar, direito ao pão, direto ao sustento, direito ao riso. Por isso, ao resistir com nosso riso, falamos também sobre a falta de ar que estamos vendo acontecer diante de nossos olhos a cada leito fechado e descaso, a cada remendo que se faz, em cada LIVE caçoando de forma necrófila de pessoas morrendo sem ar. Estamos em um embate estético, tanto numa crise artística, como da qualidade do riso do público. O problema aqui não é como se ri mais do que se ri, e é essa a batalha.

Além disso, é sobre o investimento de oxigênio para Manaus vir de doações de artistas, e de muitos humoristas, esses sim se posicionando com este ato. É sobre estarmos entre, entender o que é sério e correto pelo humor, e repelir o absurdo do discurso oficial. Estamos falando de uma mãe que vem até o jornal falar para todo o país sobre conhecer a cara de quem matou seu filho, e que não devemos sofrer com sua morte e que sim, que ele queria que resistíssemos com nosso sorriso. Estamos falando de respeito a muitas mães e parentes, de todas as pessoas que devem ser lembradas, com vidas ceifadas de uma hora para outra.

Perdemos quase 500 mil pessoas sem ar, sem riso, como um sopro venenoso, de 15 a 15 dias, nesta chiste nada engraçada que se tornou o país, estamos AGORA, nos compêndios do humor mundial, em uma página bem empoeirada, naquelas revistas de anedotas sexistas, preconceituosas de posto de estrada, só que ela é binária… só que a piada ruim corre rápido, mais rápido pelas redes, que a piada que precisa parar para entender, corre com a perna de um meme, se espalha como brincadeira e vira veneno. Precisamos começar a entender dessas coisas de construir um teatro de arena no espaço virtual, de espalhar memes e figurinhas com nossas caras, de se tornar novamente maiores que uma piada muito ruim, tomar conta da tecnologia de redes, com a tecnologia de riso! Gerar conteúdo sobre o riso também é se posicionar, sabemos que a maioria de nós não pode doar muitos bens ou quantias, mas temos uma tecnologia escassa e linda nas mãos, a capacidade de fazer rir, e isso espalhado nas redes também é uma posição, precisamos trocar o KKK, por o rsrsrsr o hahahaha o quaquaquaquaqua, na esfera semântica! Urgente!

Afinal, a profissão do humor e o resgate da sanidade através do legitimo sorriso, que faz pensar, está em perigo. Temos que armar uma arena de manifestos para salvar o que nos restou de sã no nosso ridículo de ser palhaços, uma comitiva de circo que corre de comunidade virtual a comunidade virtual avisando sobre a nudez do rei! Sabemos como sabemos, do desmonte que se há… que às vezes não temos como clowns, artistas, músicos, tirar dinheiro para o sustento, porém tiramos leite de pedra, força de levantar-se novamente, pois o ódio e as piadas que davam “vergonha alheia” estão tomando conta de tudo, conta de nossas vidas, deixando isso virar instituição! Independente das camadas jurídicas e de crime que envolvem, pois envolvem e muito, estou falando aqui de algo muito mais sutil, estou falando da coisa que se tornou grande da reviravolta, onde a galera do fundão, os trolls dos memes viraram, REIS, e suas bundas estão sob a nossa cabeça, momento do qual, a cada dia se faz a certeza do Greg: Estamos diante de um bufão! Montado em um unicórnio inflável feito de saquinho de ódio e fake news. Estamos diante do tipo de persona do humor que de longe se assemelha ao elenco do filme Pink Flamingo, mas que contribui com o humor escatológico, harmonizado com delírios narcísicos sem graça de homens frustrados, que gastam mais tempo com problemas para eles “essenciais” de cunho erétil, do que com saúde pública… e o que se faz com isso?

Abraçando árvores virtuais? Em uma seita de positividade tóxica, vomitando – Gratiluz, profetizando “e tudo bem também”? Sabemos que está tudo pesado, e que a prática da violência não é o caminho, mas precisamos agir de forma a se orientar a criar grupos de ajuda a entender melhor como uma, um, ume artista, pode usar melhor as plataformas, para burlar os algoritmos, criar sistemas de proteção que caminhem de forma paralela com ele, criando uma rede de proteção de conteúdos bons, de humor que traz ao menos respeito.

A capacidade de rir é uma tecnologia que pode ser adaptada pelo corpo e pelo tempo histórico, em 40 ríamos de filmes de palhaço com Fellini, e Charlie Chaplin, com sua escancarada esquete “O Grande Ditador” (totalmente recente) em meio aos absurdos da violência nazista. Na década de 60 riamos das paródias acidas construídas pelas Drags de Dzi Croquetes em plena linha dura militar do golpe. Nos anos 70 tínhamos o começo da Grande Família, parodiando a própria vida, mais pra frente com as grandes sacadas da saudosa Fernanda Young e seu incríveis roteiros. Ademais, hoje temos inúmeras e muito grandes iniciativas de humor, muitas mesmos, mas precisamos ajudar as menores, as que não têm facilidades com plataformas. Não vou citar aqui nomes, quero que vocês citem nos comentários, com qual artistas ativista você dá risada? O que posso afirmar é que temos muitos recursos do riso, e formas de se fazer rir, boas e vigentes no mundo de bits, e esses não estão escassos como a capacidade de gerir um país em estado de calamidade.

Temos que resgatar a tecnologia do riso, e sua capacidade de manifesto! Podemos notar a capacidade tecnológica do riso, o ato de rir libera serotonina neurotransmissor relacionado ao bem viver, protege o coração contra infarto, trombose e acidente vascular. Podemos de forma lúdica ou não, estender aos profissionais de saúde mental os chamados Doutores da Alegria, projeto de 1991, e que deve ser defendido e apoiado, e muitas vezes não é enxergado.

Eu tenho formação em Clown pela Oficina do Riso. Ao fazer rir, nós apenas assumimos o nosso ridículo, revelamos a parte que ninguém quer ver da pífia e volátil concretude do normal. Porém, aqui na peça: “a piada que parece pronta que também é um país”… Sabemos que tudo pode ter começado com o respaldo dos intelectuais conservadores, jogam um livrinho sem graça nenhuma, falando que o politicamente correto está afetando a construção social ( não adianta vir se redimir agora não, você sabe quem você é e o que o seu discurso provocou), dando voz a lunáticos, que depois sustentam chamadas sérias do tipo “uma decisão difícil”. O tirar barato aqui saiu muito caro… porque os bebezões da quinta série de adultos se sentiram ameaçados em suas redomas de privilégios, pela sociedade que, diferente deles, evoluiu no panteão dos direitos humanos, e juntos … tomados, digamos …. pelo palco de Pânico, se põe em uma situação de “vítima”. Eo que se dá, temos que impor incisivamente, nosso parecer técnico no quesito humor. Precisamos nos manifestar, vir a público e colocar um crivo, um limite nesses maiores abandonados que correm de moto em um sonho infantil Easy Rider, fazendo cosplay de besta do apocalipse conduzidos pelo mestre do terror, falta equipe técnica também no quesito limites do humor, neste executivo.

Para nossa sorte, existem ainda ótimos palhaços ( e por favor, campo progressista não usem nossas personas e nem nossos narizes de forma leviana). Os bons palhaços usam o riso de forma resistente, mostram a felicidade de se estar de pé, sendo o acalanto, nos stories e feeds, e junto a estes que estão aqui lá do lado dos que partiram, que está agora junto com Piolin, e muitos outras potências do humor que percorreram o país, está nesse panteão dos deuses do riso. Nosso grande Paulo Gustavo, um representante de muitas pautas, se foi iluminar o Orum, com todas suas personas, com sua Dona Hermínia, falando para a gente que é sim possível fazer um humor com qualidade, incluindo e unindo pautas importantes. Mesmo assim fazendo todes rirem, ele se vai deixa um companheiro, dois filhos, e uma família chamada Brasil … muda e por instantes da notícia… sem sorriso!

Mas sempre a resistir! Não podemos sucumbir a certas dores, temos muito a honrar quando viramos para a plateia e arrumamos nossos narizes. Honrar os que já nos deixaram, garantir que o texto da Mãe ser uma Peça nunca pode ser um drama e sempre uma comédia. Prometam para Ele, também prometo a meu avô Nardão, que fazia peças de palhaço no púlpito da igreja para as crianças da comunidade da zona norte, quando não havia missas. Prometemos, para todes que estão e já se foram, vamos usar nosso gás de riso para provocar uma revolução! Eu clamo pelo Manifesto do Riso consciente nas redes, usem suas plataformas de audiência para tornar as pessoas lúcidas, esta é a hora, precisamos criar esta onda de risos! Gratidão, respeitável público! E para você que ainda quer atuar no filme da sinopse acima, só te falo uma coisa… não passarão!

E nesse info-inferno de Dante, nós aqui da COLUNINJASTECH, não queimaremos na parte mais quente do hardware, reservada aos que optam pela neutralidade em tempos de crise, vemos aqui a reação, do 29M, provando que, se saímos nas ruas sem vacinas para protestar, é que alguma coisa está mais perigosa que o próprio vírus. Te dou uma bitoca no seu nariz (depois da pandemia lógico) e  pirulito gigante do seriado Chaves se você acertar, aqui nós temos posições obvias, sem medo! Não sei a data que a coluna será publicada, mas que venha o 19J, pois se posicionar é uma questão de respeito!

 

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