Recentemente fiz algumas compras pela Internet, no dia previsto para a entrega, um prestador de serviços, sem a identificação da empresa chegou com o meu pacote.

Antes que eu pegasse a compra esperada a primeira pergunta foi: “Quem é você?” , respondi meu nome e a pessoa escreveu em uma lista impressa. A segunda pergunta foi “Qual é o seu CPF?”. Perguntei por que esta informação era relevante para a entrega, e acreditem a resposta foi: “Ou me fala logo, ou vou devolver o seu pacote.”. Conclusão, pacote devolvido.

Eu não tive o direito de saber por que meu CPF era necessário para aquela entrega. E se a lista fosse perdida? Roubada? Se alguém copiasse os CPFs?

Quem trabalha com tecnologia, já deve estar cansado de ouvir jargões como “Dados são o novo petróleo”, “dados são o novo ouro”, entre outras expressões, que exaltam o imenso valor dos dados. Mas será que de fato, dentro das organizações os dados são vistos como algo valioso?

Eu tenho minhas dúvidas.

Além do caso do entregador sem preparo, eu tenho reparado em minhas consultorias algumas situações bem estranhas. Por exemplo, quase sempre a consultoria começa com inúmeras reuniões, onde o objetivo é que a empresa me apresente a sua arquitetura de dados.

Não seria um problema, se fosse uma opção minha agendar as reuniões. Mas não é! Eu preciso conversar com muitas pessoas porque raramente existe documentação, os bancos de dados quase nunca são versionados e dicionários de dados são uma enorme utopia.

E aí vem a grande reflexão deste artigo, as empresas não conhecem os dados que têm e não sabem o porquê coletam estes dados. Se os dados não são conhecidos, este é o sinal de que não são cuidados como uma grande fortuna seria. Algumas vezes parece até que a Lei Geral de Proteção de Dados simplesmente não existe.

A Lei Geral de Proteção de Dados, ou simplesmente LGPD, é a legislação brasileira que regula as atividades de tratamento dos dados pessoais, e já está em vigor. Não obedecer a lei pode trazer para as empresas problemas de imagem, além de altas multas (até 2% do faturamento limitado a 50 milhões, de acordo com uma graduação a ser proposta pela ANPD).

Governança e Cultura de Dados

Não existe uma fórmula para mudar a cultura das empresas e os dados passarem a ser cuidados da maneira necessária. Existe um trabalho longo e que precisa do apoio gerencial, sem mágicas, com trabalho sério e constante é possível avaliar, cuidar, entender e usar a fortuna escondida nos cofres, ou melhor dizendo, nos repositórios de dados.

As empresas precisam conhecer os seus dados, para que identifiquem os dados pessoais (que são protegidos pela LGPD), e cuidem destes conforme os requisitos, descritos de forma super clara no texto da lei.

Além disso, é preciso que todos dentro da organização se comprometam com a transparência, com os padrões e normas de uso dos dados. Mudar não é simples e nem confortável, mas faz parte, não é? Então vamos aproveitar a oportunidade de mudanças que a LGPD nos traz, e levar a governança de dados da nossa empresa para outro patamar. Sua empresa está pronta para esta mudança?

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