4 e 7

Antes de escrever esta treta, eu peço licença aos meus orixás.

Emyli Victoria de quatro anos, e Rebeca Beatriz de sete são crianças que de forma violenta e sorrateira tiveram suas vidas levadas pelo estado. É, fi! Real! Nessa desgraça, o estado matou as duas na guerra urbana racista que no ano de 2020 matou várias crianças pretas em sua grande maioria. Viraram alvo. Isso mesmo irmãos e irmãs. Normalizou, tendeu? Uma criança PRETA assassinada de tempos em tempos, sem nenhuma dó e nem piedade. Aí, na moral? Eu me pergunto se um desses tiros, por ventura, essas balas começarem a acertar crianças brancas em condomínios burgueses. Esses policiais, sejam eles quem fossem, estariam presos rapidamente. Seriam realizadas várias passeatas pedindo paz em Copacabana, pá… Essas fitas. O governador estaria prestando condolências aos familiares, pedindo desculpas formais e pessoais pelo fato ocorrido, e com certeza não aconteceria o que aconteceu com as investigações do caso das meninas pretas e faveladas ASSASSINADAS pelo estado.

A cena em Duque de Caxias, bem longe do glamour, né? Onde milicianos, também com o aval do estado, disputam áreas com o tráfico de drogas. Barato louco pai! Numa dessas, uma guarnição do 15º batalhão daquela região estava em ronda, correto? Nesse momento foram ouvidos disparos que, segundo testemunhas, teriam sido realizados pela polícia militar, que na sequência evadiu do local. Porventura, nesse exato momento as duas meninas foram atingidas. Até então os vermes negam que tenham realizado disparos, correto? Demorou então. A Polícia Civil do estado do Rio, mais precisamente a Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), que está na responsa da investigação, repassou que foram recolhidos 6 fuzis para análise balística. Desses, 4 de calibre 762 e dois do calibre 556, correto? Foram recolhidos daquela mesma equipe do 15º batalhão de Duque de Caxias que estava de ronda e alegou não ter realizado disparos. Só lembrando mais uma vez: até então, tudo correndo normalmente, investigações, pá… Essas fitas rolando. Mas aí a pilantragem, que já esperávamos. Qual foi? Os vermes só esqueceram de entregar um fuzil. Segundo a polícia civil do estado do Rio de Janeiro, um destes, entregues pela guarnição, NÃO ESTAVA NA AÇÃO. Ou seja: os desgraçados trocaram um dos fuzis! Como assim?! Porra! Uma parada é você trocar a chave de casa, você errar o celular que está na mesa, sei lá doido! Trocar qualquer coisa! Mas como assim esses caras me conseguem errar dessa forma? Eu não sei qual o procedimento que eles usam para registro de entrega de armas para os militares, mas aí é só colocar número em cada um, fraga? E quem pegar fuzil número “tal”, devolve fuzil número “tal”. Os caras fazem a gente, a sociedade, a maioria da população, de otários! Não é não? Estão matando nossas crianças e não está dando nada.

O Sr. Estado está autorizando assassinato de crianças quando ele não consegue controlar os seus soldados que saem por aí cometendo atrocidades com armamentos que nós pagamos.

Óbvio que o laudo deu inconclusivo, pois nenhuma das armas entregues foi a usada na execução e, para piorar a cena do filme de terror de assassinato de crianças, a resposta da polícia militar foi a seguinte:

– Houve um erro de anotação na arma e, logo em seguida, o erro foi corrigido e o fuzil correto foi entregue.

Absurdo dos mais tenebrosos, na real! Aí eu pergunto mais uma vez, se essa bala tivesse achado uma criança branca que morasse em um condomínio burguês? Essa situação toda teria acontecido?! Algum fuzil teria sido trocado por erro de anotação?! São essas comparações que eu faço, ao longo das ideias escritas, mas que reafirmam o racismo estrutural que está incrustado em nossa sociedade, tendeu?

Compará-las faz com que realizamos uma análise real dessa treta.

O Rio de Janeiro sim é um estado que se destaca nesse corre. Mas é normal a brutalidade ao qual os vermes executam ações de extrema violência o tempo todo em qualquer lugar. Na rua de cima do beco aqui de casa, Aglomerado da Serra, os vermes chegaram e abriram fogo. Era, tipo, sete horas da noite com uma pá de gente na rua. Os cara chegam, metem bala e tá tranquilo! Estão “a serviço do Estado”. A violência armada sobe os becos e vielas com muito ódio, olhos estatelados e balas ilimitadas para conter a “violência”. Guerra às drogas é o codinome para o genocídio autorizado pelo Estado. Mas aí para os burgueses o bagulho é outro. Exemplo disso foi o que rolou no Jardins, dias atrás. Lá os indivíduos tem por lei o direito de xingar o verme do policial de “corno”, “merda do caralho”, “filho da puta”, além das ameaças do tipo “eu vou chutar a sua cara seu filho da puta!”. E, lógico, chamar a policial feminina de “vadia”. Além de fazer uma ótima leitura da sociedade com a frase ”Você pode ser macho na periferia mas aqui você e um bosta! Aqui é Alphaville, mano!”.

Porra! O verme do policial não teve coragem de pegar na arma. Quem fez isso? Quem aprontou essa bagunça toda? Um branco, rico, morador de um bairro de milionários. Para esses os “direitos humanos” funcionam. Depois de ser humilhado, o policial fez um vídeo dizendo que “tratou o cidadão como um ser humano deveria ser tratado”. Esse policial surtou! Qual é?! Ele tá mentindo! Tá é tirando, fi! Sem lero! Ele sabe que se fizesse qualquer coisa estaria fodido o resto da vida. Ficou com o cu na mão. Por isso ele não fez nada. Nem a parceira de serviço do PM, que gravava tudo e, segundo as informações do joalheiro Ivan Storel, cidadão de bem, dono da mansão que os policiais não tiveram a coragem de colocar o pé na calçada, é uma “vadia”.

Demorou! Vamos lá aqui na quebrada. No mínimo, o que rola é uma massagem de leve, tipo um chute, na hora de abrir a perna. Uma balançada forte no candango. Assim eles te pegam pela camisa, fraga? Jogam na parede, não sei porque. Se estiver de boné esquece. O verme vai amassar ele todo, só para ter o prazer de amassar, por nada. Meus bolsos já foram revirados, as moedas foram jogadas no chão, as notas, se tiver alguma já gera um problema. Se for muito tipo, uns 300 reais, esquece! Você tá ligado. Se não tiver uma explicação bem lógica, como uma carteira assassinada, você tá fazendo alguma coisa de errado. Pobre não pode ter dinheiro.  Minha cara já está na parede, naquela de nem respirar, tendo que responder cinco ou seis perguntas ao mesmo tempo, na sequência. O outro verme chega com a peça bem perto da cara, naquela de reafirmar que são eles quem mandam. Qual é? Já entendi!  Já sei! Quatro cara armados, fardados, com os olhos estatelados, gritando… Uai! Acho que não precisa de mais nada. A mesma violência que rola aqui rola lá. Vira mundo e nós, pretos e favelados, assistindo de camarote nossas crianças sendo mortas.

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