Por Patrícia Melo (*)

Desde 2003, em vários países o dia 10 de setembro é dedicado a ações voltadas para a prevenção ao suicídio. No Brasil, a campanha Setembro Amarelo é promovida desde 2015. Em comum, todas as atividades buscam conscientizar as pessoas para o fato de que nove em cada dez casos de suicídio podem ser evitados. E que a forma mais eficaz de prevenção é conversar sobre o assunto, pois o risco de a pessoa se matar é menor quando ela aceita ajuda.

Ainda assim, a cada 45 minutos, um brasileiro morre vítima de suicídio. A cada 40 segundos uma pessoa se mata no mundo. São 800 mil mortes todos os anos. Apesar de não termos ainda dados oficiais sobre o impacto da pandemia de coronavírus na saúde mental da população, o isolamento social pode ter agravado o problema. Em Uberaba, segundo informações do 8º Batalhão de Bombeiros Militares, este ano já foram registrados 15 casos de suicídio e 25 tentativas até julho. Em todo o ano de 2016, foram 14 casos de autoextermínio consumados e 16 tentativas.

Nem todo caso de suicídio é causado por alguma doença mental. Muitas vezes, é o ato final de uma história de sofrimento ligado a fatores externos, como o desamparo, a perda de um emprego, uma desilusão. Ou seja, um momento de crise que pode ser superado com ajuda. Entretanto, o tema continua sendo um tabu na nossa sociedade, seja porque é um assunto proibido em algumas religiões, seja porque o suicida muitas vezes é visto como um fracassado. Daí a importância de se falar abertamente sobre isso.

Quem passa por uma crise e tem pensamentos suicidas se vê sozinho. É nessa hora que devemos nos aproximar e oferecer ajuda, sem fazer críticas. O mais importante é estar pronto para ouvir, deixar a pessoa desabafar, oferecer o ombro amigo. Conselhos devem ser de exemplos positivos, de outras pessoas que superaram adversidades.

É importante também apontar canais de acolhimento, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e gratuito, sob sigilo, por telefone (188), e-mail, chat e site (www.cvv.org.br), disponível 24 horas, todos os dias.

No município, o acolhimento é feito no Centro de Apoio Psicossocial (Caps), unidade ligada ao Sistema Único de Saúde e gerida pela prefeitura. Esse atendimento precisa ser rápido, já que o diagnóstico tardio, a carência de serviços de atenção à saúde mental e o tratamento inadequado agravam a evolução do quadro. Já o atendimento nas primeiras 48 horas salva vidas. Por isso, é dever da Prefeitura oferecer ao cidadão uma política de saúde mental efetiva, com a habilitação de leitos hospitalares para esses pacientes e a ampliação dos serviços do Caps.

Em tempos de pandemia, isolamento e mudanças na sociedade, cada um de nós pode fazer sua parte adotando algumas atitudes. Vamos ouvir mais e julgar menos. Vamos olhar para o lado e enxergar quem precisa de ajuda, mas não consegue pedir. Nessa hora, falar sobre prevenção ao suicídio é mais necessário do que nunca.

(*) Patrícia Melo é pré-candidata a prefeita de Uberaba pelo Partido dos Trabalhadores.

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

Colunista NINJA

Memória, verdade e justiça

FODA

Qual a relação entre a expressão de gênero e a violência no Carnaval?

Márcio Santilli

Guerras e polarização política bloqueiam avanços na conferência do clima

Colunista NINJA

Vitória de Milei: é preciso compor uma nova canção

Márcio Santilli

Ponto de não retorno

Márcio Santilli

Através do Equador

XEPA

Cozinhar ou não cozinhar: eis a questão?!

Mônica Francisco

O Caso Marielle Franco caminha para revelar à sociedade a face do Estado Miliciano

Colunista NINJA

A ‘água boa’ da qual Mato Grosso e Brasil dependem

Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida

Na defesa da vida e no combate ao veneno, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos completa 13 anos

Casa NINJA Amazônia

O Fogo e a Raiz: Mulheres indígenas na linha de frente do resgate das culturas ancestrais

Rede Justiça Criminal

O impacto da nova Lei das saidinhas na vida das mulheres, famílias e comunidades

Movimento Sem Terra

Jornada de Lutas em Defesa da Reforma Agrária do MST levanta coro: “Ocupar, para o Brasil Alimentar!”

Bella Gonçalves

As periferias no centro do orçamento das cidades

Márcio Santilli

Desintegração latino-americana