Em 20 de abril de 2020, quando o Brasil registrava 2575 mortes e 40581 contaminados pelo coronavírus, ao ter sido indagado acerca desses dados, Bolsonaro respondeu: “não sou coveiro”. Ele tinha acabado de anunciar, efusivamente, um encontro com o governador do Distrito Federal, onde trataram da possibilidade de reabertura dos colégios da PM, dos Bombeiros, e do Militar do DF.

Hoje, quando se chega à marca de 1 milhão de contaminados e 50 mil vítimas fatais, pode-se concluir que o presidente da República planejava a morte de milhares de brasileiros, inclusive de seus “colegas” de farda, sujeitos a serem infectados por seus próprios filhos. Fazendo uma analogia, quando alguém na condição de garantidor de um menino de 5 anos, o deixa sozinho no nono andar, se a criança cair e morrer, trata-se de um homicídio doloso, em que o risco de produzir a morte foi assumido. O mesmo crime cabe ao presidente da República, pois ele sabia que, inevitavelmente, o vírus se propagaria e mataria milhares de brasileiros. Enquanto presidente, tinha o dever e o poder de tomar medidas para reduzir o contágio. Além de não ter liderado uma guerra contra a COVID-19, conforme o chamado “orçamento de guerra”, ele infringiu determinações de saúde pública do seu governo e da Organização Mundial da Saúde. Como se não bastasse, ainda aplicou medidas contra o isolamento social, de modo que, como autoridade suprema, foi o maior responsável pela propagação da pandemia altamente letal no Brasil.

O bem mais protegido pelo nosso ordenamento jurídico, a “vida”, ficou em segundo plano, e a economia assumiu o primeiro lugar. Mas a economia não é igual para todos, ainda mais agora, que precisamos ficar em casa, a fim de evitar a propagação e nos proteger do contágio pelo coronavírus. A vida de alguém que não tem dinheiro para comprar comida não é a mesma de quem tem milhares, milhões e bilhões de reais na conta bancária.

A “economia” de quem preocupa Bolsonaro? Se fosse a dos pobres, estaria empenhado para que medidas, como a ajuda emergencial de 600 reais, chegassem imediatamente aos brasileiros mais necessitados. A quantia de um trilhão e duzentos bilhões liberada aos bancos com a redução dos compulsórios e empréstimos deveria ser destinada à compra de equipamentos de proteção individual (EPI) aos trabalhadores da saúde, ventiladores mecânicos, ampliação de UTIS e à garantia de emprego e renda à população.

Para completar, Bolsonaro briga com a China e é pusilânime em relação aos Estados Unidos da América, afastando o gigante asiático e perdendo o respeito da maior potência do mundo, importantíssimos parceiros econômicos do Brasil, ainda mais neste momento de tanta necessidade.

Os micro e pequenos empresários nem conseguem sobreviver sem o essencial apoio do governo para a manutenção de emprego e renda que não chega, pois o dinheiro fica com os bancos. Os empresários médios e grandes seguem com suas riquezas milionárias e bilionárias, mesmo assim, não estão satisfeitos, pois precisam se apropriar da riqueza produzida pelo trabalho coletivo para continuar acumulando mais capital. Os banqueiros estão em festa no meio da pandemia com o trilhão e duzentos bilhões doados pelo governo Bolsonaro. Abaixo dos grandes agiotas do mercado financeiro, também nadam de braçada, blefando em altas e baixas jogadas, os vagabundos do mercado do dólar e da bolsa de valores. Sem falar da felicidade das transnacionais, remetendo dólares de nossas reservas cambiais aos seus países de origem no meio dessa grande crise.

De fato, Bolsonaro não é o coveiro dos milionários e bilionários, muito menos dos banqueiros e de seus chefes do capital estrangeiro. Ele é, sim, o coveiro dos trabalhadores brasileiros: BOLSONARO É O COVEIRO DO BRASIL!.

 

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