A indústria de fake news, hoje operando suas máquinas a partir do tal “Gabinete do Ódio”, comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (REPUBLICANOS-RJ), existe desde antes das eleições. Sua atuação foi decisiva para o resultado favorável ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Financiada por doações ilegais de campanha de notórios sonegadores de impostos, seguiu funcionando após a posse, agora institucionalizada e com direito a sala no Palácio do Planalto.

TSE, STF, Congresso Nacional, jornalistas de pensamento à direita, grande mídia, todos fizeram vista grossa. Cegos pelo antipetismo, preferiram colocar todas as suas fichas em uma aposta para lá de arriscada (a tal “escolha muito difícil” a que se referiu o jornal ‘O Estado de São Paulo’, em editorial do dia 08 de outubro de 2018); e, mais do que isso: preferiram permanecer arriscando por longos 16 meses. Agora que se tornaram vítimas dos ataques digitais se revoltam, como se não tivessem, por suas omissões e conivências, parte de responsabilidade pelo estado de coisas que aí está.

Todos sabem que, dentro do mar de ignorância, incapacidade, egos inflados e disputas internas que constituem o governo Bolsonaro quem, de fato, contamina a gestão com obscurantismo é o núcleo olávico-ideológico. Além dos filhos, os negacionistas e terraplanistas são o que há de pior na equipe: Damares Alves, Abraham Weintraub, Ricardo Salles, Ernesto Araújo e demais seguidores do velho charlatão mais atrapalham do que ajudam. Nos poucos e raros episódios em que o presidente conseguiu se afastar e manter uma distância minimamente saudável da influência pernóstica destes e do tal “Gabinete do Ódio”, ele acabou se saindo menos mal do que o normal. Isso porque, em 99,99% do tempo, é como se estivéssemos retornada à barbárie pré-civilizatória.

Em artigo publicado na edição brasileira do jornal Le Monde Diplomatique, de 10 de abril de 2019, os professores Gilberto Maringoni e Artur Araújo procederam com uma arguta classificação das divisões do governo Bolsonaro, na qual destacavam quatro grupos: (1) os ideológicos, (2) os militares, (3) o de intimidação e punitivismo e (4) o dos negócios. Passado um ano e quatro meses da publicação deste perspicaz estudo, o governo Bolsonaro mais se assemelha a uma fábrica de teledramaturgia, com inúmeros núcleos de produção e suas respectivas novelas, bem parecidos com os da emissora da vênus platinada, que eles tanto criticam.

Pedindo licença aos professores Maringoni e Araújo e a partir da classificação por eles proposta, posso afirmar que, assim como na melhor referência em teledramaturgia brasileira, fosse o governo um PROJAC, a gente poderia dividi-lo em núcleos da seguinte forma:

1) Núcleo Olavo de Carvalho – engloba, além da família presidencial, os conspirólogos, terraplanistas, lunáticos, obscurantistas e negacionistas. Seus principais expoentes são Damares Alves, Abraham Weintraub, Ricardo Sales Ernesto Araújo e, agora, também Regina Duarte.

Aliás, sobre Regina Duarte, cabe não só um parêntese, mas um parágrafo exclusivo. A sua entrevista à CNN do dia 07/05 foi a coisa mais grotesca, abominável, nojenta e abjeta que alguém do governo Bolsonaro já fez. Conseguiu superar o vídeo de apologia ao nazismo de seu antecessor, Roberto Alvim. Parece que há, no governo, uma competição interna: quanto mais escroto for, mais pontos ganha com o Chefe!

Pois bem. Aos integrantes deste núcleo se somam os membros do “Gabinete do Ódio”, composto por milicianos virtuais da guerrilha digital – que inclui, além da turba de alienados anencéfalos, um exército de bots, trolls, robôs, perfis fakes e hatters cibernéticos em geral. Integrantes do núcleo e do gabinete são criaturas coprófagas: se retroalimentam, uns aos outros, a partir dos excrementos que produzem.

2) Núcleo Saudades da Ditadura – São aqueles designados para tutelar o presidente e para intervir sempre que o IDMB (Índice Diário de Merdas e Bobagens) se eleva em demasia. Falam no ponto eletrônico, fazem o gagal e dão a mamadeira (no formato por eles inventado) para o presida. Seguram a pressão e metem medão. Engloba Braga Netto (Casa Civil), Fernando Azevedo (Defesa), Luiz Eduardo Ramos (Sec. de Governo) e mais uma renca de Generais de Pijamas. Não nos esqueçamos do vice Mourão, eterno ajudante de ordens de Brilhante Ustra; e do Gal. Heleno, eterno ajudante de ordens de Silvio Frota.

3) Núcleo Falso Brilhante – esse é o núcleo daqueles que Bolsonaro trouxe para o governo para tentar lhe dar alguma credibilidade. Engloba toda a sorte de falsos moralistas, paladinos da justiça, arautos da moralidade, vestais da honestidade, palmatórias do mundo e chicotes do povo. São pessoas que gozam de prestígio junto à sociedade, mas que, no fundo, não passam de cretinos hipócritas, verdadeiros canalhas. Passadores de pano por natureza, sua função é acobertar e encobrir todos os rolos da família presidencial. O agora ex-ministro Sérgio Moro era o astro maior dessa turma, que está órfã após a recente demissão do rapaz.

4) Núcleo Farinha Pouca, meu Pirão Primeiro – são aqueles oriundos da esfera privada, distintos representantes das offshores do Panamá e dos bancos das Ilhas Cayman, que estão no governo apenas para assegurar os interesses da classe empresarial. Um dos maiores núcleos, chefiado por Paulo Guedes, inclui Mansuetto, o demitido Mandetta (procurador dos planos de saúde), Teich (defensor das mega corporações do mesmo setor), o chefe das privatizações Salim Mattar e vários outros proxenetas do capital financeiro, no mais das vezes sonegadores de impostos. Seu desejo maior? Comprar o filé mignon das estatais a preço de cacho de banana.

Todos os grupos reunidos formam o Esquadrão Relâmpago Olávico-Militar-Morístico-Guediano. Uma verdadeira Liga da Injustiça. Um governo de pilantras, picaretas e canalhas.

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