Bolsonaro chega a 2022?

A dúvida é se ele vai se arrastando ou sendo arrastado até outubro de 2022, ou se a consigna “FORA, BOLSONARO!” vai se tornar uma realidade antes disso.

Mesmo estando apenas a pouco mais de um ano do atual governo e o país estar sendo atacado por um vírus agressivo e letal, a verdade é que o Brasil, na prática, já está em ritmo de sucessão presidencial. Alguns candidatos já estão com suas campanhas na rua. Tudo que fazem, dizem ou deixam de dizer já é campanha eleitoral.

A mídia também já está promovendo seus candidatos.

Dória chamando a atenção para si e tentando descolar rapidamente sua imagem da de Bolsonaro e Moro tentando se viabilizar pelo silêncio obsequioso, são dois exemplos.

Essa precipitação reflete o vazio político que estamos vivendo com a perda de significado de Bolsonaro e do seu governo. E, na medida que Bolsonaro for ladeira abaixo, o que parece ser a tendência daqui para a frente, o futuro e a sucessão vão se impondo como contraponto a esse vazio do presente.

O PT deve ser um dos protagonistas e organizadores da conjuntura assim que começar a se posicionar como alternativa política. O partido precisa dizer alto e em bom som para que veio.

Quem é governador, prefeito etc, ou seja, quem ocupa cargo executivo deve estar cuidando como prioridade quase que absoluta do enfrentamento da crise sanitária e de executar as ações emergenciais de defesa e proteção da saúde e da vida. E nossos parlamentares também podem fazer muito para viabilizar essas políticas emergenciais.

Não dá para subestimar essa pandemia. Porque ela pode causar um estrago muito grande e porque, por outro lado, podemos reduzir significativamente os danos causados pelo vírus se fizermos tudo que estiver ao nosso alcance.

A gravidade do Covid—19 impõe que, pelo menos até agosto/setembro, talvez um tempo mais, esse seja o tema principal da sociedade.

Independente da pandemia e por enquanto, quase que em paralelo, estamos entrando em uma recessão econômica brutal e, assim, a conjuntura vai ganhando contornos bem dramáticos.

O Brasil, hoje, é só mais um país onde o projeto neoliberal fracassou. O receituário neoliberal de destruição do Estado brasileiro, aviltamento da nossa soberania, retirada dos direitos sociais conquistados ao largo da nossa história, a destruição do nosso sistema de proteção social, a venda dos nossos ativos econômicos etc. se mostrou um caminho errado, sem futuro porque não resulta em nada de bom para o Brasil nem para o povo brasileiro. Só nos fragiliza enquanto sociedade e torna a vida de todos ainda mais difícil.

Quando eu falo que o PT deve fazer um movimento mais incisivo para se afirmar como alternativa, é porque o partido precisa ocupar o espaço político que lhe cabe como principal partido de oposição e a maior referência para boa parte da sociedade brasileira do projeto de uma sociedade solidária, com justiça social e democracia.

Se ficarmos na moita, sem nos colocar, vamos assistir à construção do cenário pós-Bolsonaro com outros protagonistas. Existe o perigo de sermos aprisionados por uma narrativa que nos deixe em um passado remoto.

É tudo que a direita quer. É esse o projeto da Globo e demais meios de comunicação e de toda a direita e da extrema direita. As nossas elites não suportam o mínimo de redução da desigualdade social, nem de democracia.

Entendo a delicadeza de Lula, pela situação política e jurídica injusta em que foi colocado pela perseguição da lava jato e por toda a mídia. Mas, me preocupa menos esse resguardo político do ex-presidente. Ninguém conseguirá apagá-lo da memória e da consideração popular. Ele é a personalização e a principal referência do nosso projeto de sociedade. Podem desgastá-lo, podem criar um ódio direcionado em uma parte da sociedade, mas nada que não se possa enfrentar.

Estou manifestando preocupação é com o projeto político como um todo, projeto esse no qual Lula ocupa um papel central, mas que precisa de um PT forte, fazendo parte de uma frente política com outros partidos democráticos, de deputados e senadores atuantes, de uma presença vigorosa do partido na sociedade e nos movimentos sociais, principalmente no movimento pela retomada da democracia.

A ficha caiu! As panelas estão falando cada noite mais alto. A sociedade está inquieta, insegura e se convencendo de que Bolsonaro não é uma alternativa.

A mediocridade do capitão está completamente exposta.

Boa parte da sociedade está entendendo que Bolsonaro é uma persona nefasta e que é preciso construir uma alternativa rapidamente, porque esse governo ainda pode fazer muito mal ao país e ao povo brasileiro.

O governo já está se desmanchando, o que faz desse momento um tempo pretérito. Os sintomas do vazio político estão presentes e a cada dia mais dramáticos em todas as instâncias da sociedade.

A quarentena e o isolamento social estão exigindo do povo brasileiro muita criatividade para desde casa, isolados fisicamente, estarmos unidos e nos manifestando uníssonos. Criatividade é o que não nos falta.

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