.

“É hora de levantar a poeira fascista que está escondida debaixo do tapete”

Com o assassinato de Marielle Franco e a nítida polarização de opiniões, que beiram ao escárnio humanitário por parte de alguns, pra mim uma coisa está bem evidente: Chegou o momento de resolvermos questões inflamadas no pós 2013, quando o véu das elites começou a cair.

Infelizmente, apesar de desvelado, ainda não estamos avançando de forma progressista na política, mas resistindo. Creio pelo menos que de alguns anos para cá as pessoas passaram a entender que a política é importante e que devemos nos posicionar para que a democracia possa acontecer. Aprendemos muito como atuar nos últimos anos, seja através de movimentos sociais, redes de pessoas, partidos e até mesmo estruturas como a do Justificando, ou Mídia Ninja, por exemplo. Passaremos todos por um grande teste do que aprendemos neste caos.

Os discursos que antes eram velados, saltam os olhos, o racismo, o machismo, as estruturas de poderes, os privilégios, ainda que não o suficiente eles dão cada vez mais a tônica das nossas discussões na sociedade (isso é um avanço).

Claro que esquerda e direita farão interpretações distintas dos mesmos fatos, mas existe uma linha humanitária que qualquer sociedade moderna não pode deixar ultrapassar. Essa linha é o respeito aos direitos humanos, que deve ser garantia respeitada pelos dois lados. Isto é tema superado entre teóricos conservadores e progressistas, faz século.

Até o final do ano você vai ter que se posicionar entre Bolsonaro e sociedade civilizada. Não existirá a possibilidade de você ser indiferente a isso, já estamos em guerra declarada! AINDA BEM! E que alertemos cada vez mais as pessoas ao nosso lado que reflitam enquanto é tempo, antes que o caldeirão das emoções das eleições dificultem uma interpretação também racional.

Não adiantará se esconder, ou se omitir, a guerra projetada entre PSDB / PT ainda se disfarçava de política democrática e ainda havia uma tentativa de se forjar uma certa normalidade, até mesmo na forma em que os golpes políticos se consolidaram e se fazem presente. Com Bolsonaro não existem limites e disfarces, é um processo abertamente autoritário.

Infelizmente nós descemos ainda mais o nível, mas tenho certeza que isto é necessário para que superemos os fascismos cotidianos que até a pouco eram colocados de forma inconsciente por boa parte da população. É hora de levantar a poeira que está escondida debaixo do tapete, aniquilar com os discursos de ódio e encarar de vez que estamos num processo de amadurecimento psíquico da sociedade. Que Bolsonaro sirva ao menos como alvo daquilo que não queremos ver jamais, nem como síndico do prédio, nem como militar, nem em qualquer posição de gestão que seja necessário olhar para o outro com humanidade.

Do outro lado, Marielle Franco, Malcom-X, Rosa Parks, Dorothy Stang, Zumbi, Marighella, Chico Mendes, Luther King, bem como muitos ativistas que morreram na história, simbolizam tudo aquilo que Bolsonaro não é capaz de ser: a personificação da luta por um mundo mais humano e igualitário. Eu escolhi um lado faz tempo, mas a sua hora de escolher está com dias contados, a vida cobrará e eu também.

Para que avancemos ainda precisamos enfrentar o básico, enfrentar os discursos, acabar com piadas racistas, machistas, xenofóbicas e sempre lembrar que não passarão. Bolsonaro simboliza tudo isso aí, e ele está no seu trabalho, na sua rua, na sua casa, em todos os lugares. A fala e os discursos são e devem ser o lugar principal de disputa de poder nestes tempos, caso contrário será no pau e na pedra.

Ainda dá tempo de se posicionar. Bolsonaro e fascistas não passarão, em nome de todos aqueles que morreram para que pudéssemos ter o mínimo de humanidade.

#MariellePresente

 

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

Colunista NINJA

Memória, verdade e justiça

FODA

Qual a relação entre a expressão de gênero e a violência no Carnaval?

Márcio Santilli

Guerras e polarização política bloqueiam avanços na conferência do clima

Colunista NINJA

Vitória de Milei: é preciso compor uma nova canção

Márcio Santilli

Ponto de não retorno

Andréia de Jesus

PEC das drogas aprofunda racismo e violência contra juventude negra

Márcio Santilli

Através do Equador

XEPA

Cozinhar ou não cozinhar: eis a questão?!

Mônica Francisco

O Caso Marielle Franco caminha para revelar à sociedade a face do Estado Miliciano

Colunista NINJA

A ‘água boa’ da qual Mato Grosso e Brasil dependem

Márcio Santilli

Agência nacional de resolução fundiária

Márcio Santilli

Mineradora estrangeira força a barra com o povo indígena Mura

Jade Beatriz

Combater o Cyberbullyng: esforços coletivos

Casa NINJA Amazônia

O Fogo e a Raiz: Mulheres indígenas na linha de frente do resgate das culturas ancestrais

Rede Justiça Criminal

O impacto da nova Lei das saidinhas na vida das mulheres, famílias e comunidades