Foto: Leo Otero / Mídia NINJA

Na tarde desta terça-feira em Brumadinho, representantes do Acampamento Pátria Livre do MST, localizado em São Joaquim de Bicas e atingido pelos rejeitos da barragem, procuram entidades que possam auxiliá-los quanto ao abastecimento de água e alimentos para as 600 famílias acampadas.

De acordo com Josimar, porta-voz do acampamento, as famílias estão absolutamente desamparadas e enfrentam grave escassez. Enquanto outras comunidades presentes na região do Rio Paraopeba tem recebido apoio tanto da mineradora Vale quanto do governo local, o MST informa que tem sido negligenciado e busca alarmar para a seríssima conjuntura de desabastecimento que os assola. Cabe ressaltar que doações aos atingidos chegam à Brumadinho a todo instante e que há disponibilidade de recursos para atender as demandas locais, o que inclui o MST. Nesse sentido, indaga-se os motivos pelos quais o MST tem sido deixado à margem desse abastecimento:

“A estratégia é matar de sede? Criar dificuldades pra que o MST deixe as terras? Os órgãos competentes vão fechar os olhos? Por que razão o socorro não chega aqui?”, questiona Josimar.

Foto: Leo Otero / Mídia NINJA

Na última semana, a preocupação das famílias iniciou-se com a total perda das plantações que proviam o sustento e subsistência da comunidade. Antes do crime, a água do rio era utilizada para irrigar as áreas de cultivo de milho, feijão e leguminosas direcionados para venda. Após o rompimento da barragem, o que se viu foi um cenário de morte paulatina das águas, peixes e plantações às margens do Paraopeba.

De acordo com Adson de Souza, um dos assentados, após um ano de preparo da terra, finalmente se tinha atingido a condição ideal para colheita de produtos que seriam encaminhados para venda.

“As pessoas acham que basta plantar e já se pode colher e vender, mas não é assim. É depois de muito tempo de trabalho que a terra fica boa e dá produtos que podem ser vendidos. A gente ia iniciar a primeira colheita nas próximas semanas, mas agora está tudo morrendo sem água”, ele diz.

O descaso público enfrentado pelos trabalhadores rurais sem terra não é novidade, porém diante da atual situação de emergência sócio-econômica, ambiental e sanitária é de se esperar que os órgãos competentes e a mineradora responsável pelo crime atuem para salvaguarda de todos os indivíduos atingidos pelos desdobramentos do rompimento da barragem.

Aqueles que puderem prestar auxílio às famílias, favor entrar em contato no Facebook com o grupo “Eu Luto – Brumadinho Vive” que seu apoio será direcionado.

 

Foto: Leo Otero / Mídia NINJA