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“Vamos criar um estado plurinacional e nacionalizar todas as empresas e serviços que foram privatizadas”, essa fala é de Thelma Cabrera, a mulher indígena que vem mexendo no jogo das eleições guatemaltecas, a serem realizadas no dia 16/06. Quando sua candidatura à presidência foi anunciada, o próprio Evo Morales a saudou através de suas redes sociais, tratando-a como uma “irmã”.

Sua biografia é atravessada pela luta social, milita desde muito jovem no Comitê Campesino de Desenvolvimento (CODECA), uma organização de base que levanta a bandeira da nacionalização dos recursos naturais desde 1992. Dada a falta de apoio dos 27 partidos tradicionais (incluindo os da esquerda) para aderir às suas demandas, o Comitê iniciou um processo para criar um instrumento político que hoje é chamado de Movimento pela Liberação dos Povos (MLP) que hoje é um espaço orgânico para disputar as eleições. As últimas pesquisas a posicionam em quinto lugar, mas o campo político temem um efeito surpresa.

Mulheres indígenas no poder
Antes de Thelma, foi a vencedora do Prêmio da Paz de 1992, Rigoberta Menchú, que lutou nas eleições de 2007 e 2011 no país. E no México, a predecessora foi María de Jesús Patricio, mais conhecida como Marichuy, defensora dos direitos humanos no país, mas não conseguiu assinaturas suficientes para se registrar. No Brasil, foi o caso de Sônia Guajajara, coordenadora da APIB – Articulação dos Povos Indígenas, como candidata a co-presidente com o líder do MTST, Guillerme Boulos e Joenia Wapichana, a primeira indígena eleita como deputada federal. Agora Thelma renova a esperança eleitoral pela luta indígena na região.