Foto: Francisco Alves

As eleições ocorreram há mais de um mês. É necessário ressaltar o trabalho realizado por todas e todos que acreditaram e seguem acreditando que é possível o retorno de uma democracia para todas e todos no Brasil, um governo que legisle para a população.

Confira como os movimentos agiram em Cuiabá/MT para reverter votos por meio da cultura, ferramenta importante de mobilização social e política.

Leia o relato:

 

Estiveram reunidos durante a semana que antecedeu as eleições, desde o sábado dia 20 outubro até o sábado do dia 27, uma Brigada de Agitação e Propaganda composta por cerca de 15 elementos, entre militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e do Levante popular da Juventude de Mato Grosso (LPJ).

Fotos: Francisco Alves

Estivemos na reta final das eleições e uma grande tarefa recaiu sobre toda a militância: eleger Fernando Hadddad (PT) para derrotar o fascismo e o golpe contra a classe trabalhadora. Nesses últimos dias que nos restavam, mobilizamos todos os nossos esforços nas ruas, nas praças, nas escolas, universidades e nas redes sociais, para conseguir reverter votos para o Haddad. A luta de classes nunca esteve tão aguda nas eleições como essa que estivemos vivenciando.

Havia dois projetos antagônicos que disputa a sociedade: O projeto do Bolsonaro, (PSL) que é a continuidade do golpe, da retirada de direitos dos trabalhadores, de privatizações do setor público, de arrocho salarial; e o Projeto do Campo Democrático e Popular, que representa a revogação das medidas golpistas e a retomada da democracia. Para isso, o Campo Popular iniciou a construção de uma uma Brigada de Agitação e Propaganda aqui em Cuiabá -MT, deslocando a militância que tinha à disposição, naquele momento, de entregar o corpo e a alma, em atividades permanentes de mobilização!

Foto: Francisco Alves

Foto: Francisco Alves

Foi de muita luta essa semana que passou! Todos fizemos um esforço final, um não recuo, para derrotar o fascismo! Ânimo militantes – única derrota que se perde, é aquela quando deixamos de lutar!

Um dos projetos mais específicos de mobilização destes dias foi através do teatro popular. Este conjunto de pessoas percebem o teatro como uma importante ferramenta de agitação e propaganda. Ele possibilita a representação de situações concretas de opressão e dessa forma consegue gerar indignação e, potencialmente, o enfrentamento dessas situações.

Foto: Francisco Alves

Além disso, segundo Augusto Boal o teatro é uma das formas de expressão da juventude e do povo, pois:

Todo mundo atua, age, interpreta. Somos todos atores. Até mesmo os atores! Teatro é algo que existe dentro de cada ser humano, e pode ser praticado na solidão de um elevador, em frente a um espelho, no Maracanã ou em praça pública para milhares de espectadores. Em qualquer lugar… até mesmo dentro dos teatros.

Fotos: Francisco Alves

Nós concordamos com Boal e entendemos que todos somos atores e atrizes, apenas precisamos da formação necessária para nos desenvolver.

Assim, o roteiro habitual durante essa semana no que disse respeito ao teatro popular foi o de, logo pela manhã, quando os trabalhadores iniciavam o seu deslocamento para os seus locais de trabalho (por volta das 5h30 minutos) e ao fim do dia, quando estes faziam o regresso as suas casas, nos deslocamos para Terminais de ônibus como o Terminal Rodoviário do Cpa IV e o da Várzea Grande. Depois, mais à noitinha, nos deslocamos para diversas feiras, como a feiras do Cpa II e a feira do Cpa IV, aqui em Cuiabá, onde parte da classe trabalhadora se desloca ao final do dia para fazer as suas compras do dia-a-dia e confraternizar.

Cada apresentação era composta de uma única cena. Essa cena durava mais ou menos 5 minutos. Fazíamos uma apresentação em determinado ponto da feira ou terminal do ônibus e depois de esta terminada, seguíamos um pouco mais à frente entonando palavras de ordem e com batucada. Três atores mais interveniente: os 2 candidatos e a jornalista de chapéu MST. Os restantes seguravam estandartes e entoavam palavras de ordem.

A apresentação era bem simples, repetida por todo o terminal de ônibus ou nas feiras – íamos descendo esta e fazendo apresentações por toda ela. Consistia na apresentação prévia dos dois candidatos à presidência da república – cada um em lado oposto ao outro – por uma jornalista de um suposto debate televisivo na qual o candidato vencedor se recusou sempre a fazer. Durante essas curtas apresentações que íamos repetindo para chegar a todo o lugar, a jornalista questionava ambos os candidatos.

Foto: Francisco Alves