Foto: Leo Otero

O incêndio que aconteceu nesse sábado, 6, na aldeia Naô Xohã, do povo Pataxó de Brumadinho, por volta das 18h, tem indícios de ter sido criminoso. Em relato por telefone à Mídia NINJA, Arariba, filha do cacique Hayo, conta que homens estavam retirando madeira da reserva indígena na tarde de ontem e foram flagrados por jovens indígenas que impediram a continuidade da ação. Os homens não identificados disseram estar armados e ameaçaram voltar à noite para seguir a retirada de madeira.

As polícias Federal, Civil e o Ministério Público Federal já estão no local para a investigação. A aldeia recebe apoio de movimentos sociais e entidades.

O mesmo povo foi vítima do crime da Vale que matou quase 300 pessoas soterradas pela lama com o rompimento da barragem do Córrego do Feijão na cidade mineira. Esse rompimento destruiu o Rio Paraopebas, que banhava as terras da reserva indígena, impossibilitando a pesca e a alimentação de muitos dos indígenas que vivem na região, hoje dependentes da empresa, e com problemas de saúde devido ao contato com a água contaminada. Foi informado por uma integrante da Cáritas que na última visita ao local haviam 18 indígenas adoecidos. As condições de higiene no local também estão precárias, lembrando que o rio era a fonte de água do povo Pataxó HãHãHãe.

A liderança Ãngohó viaja nessa segunda feira para Genebra, onde irá a ONU denunciar o crime da Vale em Brumadinho, e também esse incêndio criminoso que aconteceu. Ela reforça, “não vamos sair daqui, temos a missão de proteger essa terra, enquanto o último índio estiver em pé nós vamos estar aqui dentro.”

Reportagem: Elisângela Mendonça / Mídia NINJA
Imagens: Luiz Guilherme Fernandes