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Reprodução: Instagram Isabela Reis

Eu li várias coisas sobre o “buceta rosinha”, sobre como o futebol é machista, a cultura do estupro e sobre o nível de objetificação de reduzir uma mulher a sua vagina. Mas eu não vi ninguém falar sobre o racismo que existe nessa idealização das partes do corpo feminino. Eu vou falar isso de forma muito explícita porque não existe outra possibilidade. Quando um homem escolhe uma mulher porque a buceta ou os mamilos dela são rosinhas, ele está excluindo do radar todas as mulheres negras que têm buceta e mamilos castanhos, beges, escuros.

Quando você limita suas parceiras pela cor da buceta, você desconsidera qualquer tipo de relacionamento com mulheres negras. E isso é grave, porque não é só preferência pessoal, é o comportamento de toda uma população.

Segundo o último CENSO (2010), 49% da população branca estava solteira. Contra 60% dos pretos e 61% dos pardos. Isso acontece porque os brancos se escolhem (74,5% dos brancos escolheram parceiras brancas e somente 20% pardas e 3% pretas), mas os pretos, não (39% dos homens pretos estão com mulheres pretas, 32% com pardas e 26% com brancas). Os números sintetizam a solidão da mulher negra.

A ideologia do embranquecimento implementada no Brasil deixou de herança a busca consciente ou subconsciente por parceiros brancos. Quanto mais branco, melhor. Quanto mais rosa a buceta, melhor. O problema não é por quem você se apaixona perdidamente durante a vida. O problema é quando você limita seu olhar, seu interesse, seu like no Tinder, seu primeiro beijo pela cor de uma buceta. Isso é o racismo atuando no âmago, no subconsciente, na construção social.

Você pode ser muito feliz ao lado de uma mulher que não tenha uma buceta rosa, mas você só vai saber se parar de limitar seus relacionamentos pela cor de uma vagina.

#NÃOFOISÓMACHISMO