Foto: Mariana Gama

Por Mariana Gama

O que fazer depois das eleições foi o tema do “aulão” que aconteceu na UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense ) – Campos dos Goytacazes, na quarta-feira, dia 20 de março. O aulão está sendo organizado por movimentos sociais e traz as mulheres a sua frente, como forma de organizar a resistência nesse período pós eleições.

Segundo a historiadora Mary del Priore, os hábitos das mulheres brasileiras foram moldados no século XVI, com os portugueses. De forma antropológica, havia uma certa ignorância sobre os costumes dos primeiros brasileiros, então, os portugueses quiseram fazer da sua maneira, institucionalizando o casamento à europeia e assim, a igreja e o estado remodelaram os papéis da mulher na sociedade, dizendo o que é certo e o que é errado para uma ‘mulher direita’. Numa cultura onde as mulheres não tinham direito nem ao seu próprio corpo, era preciso (e ainda é) travar várias batalhas. O direito a entrada na política só veio anos mais tarde e o direito ao voto apenas em 1928.

Contudo, ainda tem muito a ser feito. Em 2018, mulheres fizeram a revolução indo às ruas para protestar contra um governo que iria nos oprimir, o chamado #ELENAO. Embora o candidato tenha sido eleito, muitas pessoas se sentiram ameaçadas pelas declarações e atitudes machistas, homofóbicas e racistas.

É desse lugar que parte o aulão. Dos muitos pontos que foram abordados, machismo, fragilidade masculina, relacionamentos abusivos, feminicídio e violência psicológica foram listados como pontos a combater e desconstruir. Só no ano de 2019 temos uma estática alarmante de 50 casos de feminicídio no Brasil, e ainda estamos no início do ano. O papel da mulher na política também foi discutido, já que, apesar de ter aumentado o número de parlamentares, ainda não são nem 20% de mulheres representando as outras no Congresso Nacional.

‘A perda que tivemos em 3 meses de governo foi muito grande’ disse a professora Clareth Reis Neab. Ela também lembrou que o dia 21 de março é o dia para eliminação da discriminação racial e falou da luta da mulher negra no país, e da possível extinção das cotas raciais em universidades federais que o atual Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodrigues, defende.

‘…talvez outras pessoas negras não cheguem onde chegamos por conta da extinção das cotas’ completou professora Clareth Reis.
Outro ponto bastante discutido foi a reforma da Previdência e como ela atinge as mulheres mais que os homens, pois as mulheres já têm uma jornada de trabalho muito intensa.

‘Temos que nos organizar para ter o direito de nos aposentar lá na frente’ disse a professora Gabby Maturana.

Espaços como esses são importantes para debater e ajudar a organizar o que fazer após as eleições.